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Scot Consultoria

Ai... meus sais minerais


por Otaliz

Segunda-feira, 31 de agosto de 2009 - 10h01

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


A expressão que serve de título para este artigo foi utilizada há anos por pessoas surpreendidas por observações ou fatos incoerentes na sua rotina. Algo como “Jesus me abana” divulgado diariamente na atual novela da Rede Globo. Pois bem, deixando de lado expressões idiomáticas, quero me referir diretamente aos sais minerais destinados aos rebanhos leiteiros deste país. Como não há uma eficiente fiscalização dos órgãos oficiais, a comercialização de sais minerais se transformou numa “zorra total”. Pelo menos na região Sul deste país, sabe-se que a principal carência mineral do rebanho leiteiro está vinculada aos minerais cálcio e fósforo. Como as fontes naturais desses elementos são de baixa palatabilidade para os bovinos, é natural que sejam misturadas com o sal comum, que ao contrário das fontes de cálcio e fósforo, é apreciado pelo paladar dos bovinos. Então, num sal mineralizado, o sal comum entra como tempero para estimular o consumo das fontes de cálcio e fósforo. Mas não é o que acontece na prática. Considerando que o sal comum é mais barato que as fontes de cálcio e fósforo, alguns fabricantes exageram na relação sal comum X fonte de cálcio e fósforo, a ponto de em alguns casos, na formulação do sal mineralizado, o sal comum representar 90% da mistura. É claro que neste tipo de formulação os minerais essenciais, como cálcio e fósforo, participam em porções ínfimas. Dentro deste quadro, o produtor está investindo na mineralização do seu rebanho, e, no entanto, esse rebanho continua com deficiências minerais que se refletem no desempenho produtivo e reprodutivo Segundo técnicos e pesquisadores, um sal mineralizado deveria conter 23% de cálcio e 17% de fósforo na sua formulação. Você, leitor, já mandou analisar o sal mineral que está comprando para o seu rebanho? Acredite... essa análise laboratorial não é cara. É possível que você venha a se surpreender negativamente. ARTIMANHAS UTILIZADAS PELAS EMPRESAS Apostando na ingenuidade dos produtores, algumas empresas fazem propaganda surrealista de seus produtos. Não me surpreende mais apelos comerciais irresponsáveis que afirmam categoricamente que o sal mineral marca “X” é capaz de: Reduzir o conteúdo de células somáticas no leite; Aumentar a taxa de espermatogênese nos machos e de ovulação nas fêmeas; Aumentar em até 20% a produção leiteira; Reduzir a presença de bactérias no leite; E outras virtudes possíveis apenas na fértil imaginação de “empresários” desonestos. É claro que as afirmações acima não estão e nunca estarão amparadas pela pesquisa científica. Ou seja, não têm nenhum fundamento técnico. PAGAMENTO POR QUALIDADE DO LEITE Brevemente, entre os fatores que balizam os preços do leite pago aos produtores, será incluído o teor de sólidos totais. Com certeza aparecerão no mercado sais minerais que, à título de apelo comercial, aumentarão significativamente esse teor. Não acredite nisso. Os minerais não têm nada a ver com o teor de proteína, gordura e carboidratos do leite. Produtor leiteiro, fique atento e se aproxime cada vez mais de técnicos e instituições idôneas, pois sempre haverá alguém tentando explorar a sua ingenuidade.
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