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Scot Consultoria

O pequeno produtor e a renda da pecuária leiteira


Segunda-feira, 31 de agosto de 2009 - 09h13

Engenheiro agrônomo


A pecuária leiteira é uma atividade interessantíssima do ponto de vista do uso da terra. Por isso trata-se de uma excelente opção para o pequeno produtor, detentor de poucas áreas para a produção. Infelizmente, assim que se fala em pequeno produtor, uma turba de ultrapassados já começa a associá-lo à agricultura de subsistência, adotando práticas antigas, de baixo rendimento por área e pouco aporte tecnológico. Muitos ainda acreditam que o uso de tecnologia de ponta restringe-se apenas às produções de grandes extensões, com elevado aporte de capital. Por isso, infelizmente, em programas e elaboração de políticas que partem destes conceitos, os projetos para o pequeno produtor já nascem comprometidos. Trata-se de um conceito errado. O pequeno produtor, desde que treinado e orientado, é capaz de produzir com alta eficiência. E também, ao contrário do que o Ministério do Desenvolvimento Agrário pregou anos atrás, o pequeno é capaz de atender a todas as demandas da Instrução Normativa 51, que regulamenta a qualidade do leite no Brasil. Esta postura, normalmente adotada em relação à agricultura de pequena extensão, depõe contra a capacidade desses agricultores. Se conseguirem convencê-los de que não são capazes, certamente não o serão. Programas de sucesso, principalmente os liderados pela Embrapa Pecuária Sudeste, têm demonstrado que é possível transformar estes agricultores em empresários altamente eficientes do ponto de vista técnico e econômico. Planos organizados de metas de produção, controles zootécnicos, irrigação de pastagens, manejo nutricional das vacas e genética têm proporcionado verdadeiras mudanças na vida de pequenos produtores. As figuras 1 e 2 ilustram um compilado feito pela Scot Consultoria e pela Bigma Consultoria das produtividades médias e mais altas de algumas atividades agropecuárias no Brasil. Na figura 1 estão apresentadas as produtividades médias e na figura 2 estão as médias das produções mais elevadas identificadas a campo. Veja que, em média, a produção de leite rende 68% menos por área do que a produtividade de milho. Isso porque no milho estamos considerando a baixíssima produtividade média nacional, em torno de 65 sacos por hectare. Este é o indicador que comprova que realmente a produção de leite é muito deficitária em aporte tecnológico, quando consideramos a média nacional. Por outro lado, a comparação da média das melhores fazendas, na figura 2, mostra uma realidade totalmente diferente. Com aporte tecnológico, o volume de leite produzido por hectare é três vezes maior que a quantidade de milho. Note que a figura 2 não expõe o potencial de produção; trata-se das produtividades obtidas pelas melhores empresas analisadas a campo. No caso do leite, há produtividades já ultrapassando os 40 mil litros por hectare por ano. É por esta razão que a pecuária leiteira permite sucesso empresarial em pequenas extensões de terra. Cada hectare pode render muito. Isso seria difícil de ser obtido com a produção de soja, pecuária de corte, milho e outras atividades mais características de maiores extensões. O leite, neste sentido, tem as mesmas características que a horticultura e fruticultura. Enfim, também podemos fazer uma comparação bem simples, conforme ilustra a tabela 1. As vantagens do uso de tecnologia são incontestáveis. Sob qualquer ótica que se analise, seja ecológica, social ou econômica, investir na produção de leite com aporte tecnológico é sempre a melhor opção.
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