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Scot Consultoria

Dietas de alto grão em confinamentos


Segunda-feira, 24 de agosto de 2009 - 08h17

Engenheiro agrônomo


Quando começaram a falar nas tais dietas de alto grão para confinamento, a grande maioria dos técnicos – a qual eu me incluo – ficou receosa: vamos transformar um ruminante em um monogástrico? Aparecerão problemas de acidose? Vai custar mais caro? Etc. Claro, por anos entendemos que a grande vantagem dos bovinos, e ruminantes em geral, era a capacidade de extrair nutrientes de alimentos mais pobres em concentração protéica e energética. Por isso, na concepção tradicional, quanto maior a proporção de volumosos em uma dieta, melhor seria para os animais. O custo também é relevante. Por quilo, o custo do volumoso ficará abaixo dos R$0,10, enquanto o custo dos alimentos concentrados fica por volta dos R$0,25 a R$0,50 por quilo. No entanto, em matéria seca e também por unidade de nutriente, os custos dos volumosos também são elevados. Uma boa silagem de milho produzida a R$75,00/tonelada, com 33% de matéria seca, custará cerca de R$0,23/kg de matéria seca. Mesmo que fiquem ainda em patamares inferiores aos custos dos concentrados, ainda resta a dificuldade operacional do manuseio de dietas mais ricas em volumosos. O custo operacional aumenta. Essa realidade começou a ter mais importância à medida que os confinamentos foram aumentando de tamanho. Com o surgimento de grandes projetos e com o conhecimento nutricional existente, as dietas passaram a ser formuladas de maneiras mais sofisticadas, permitindo grandes ganhos no dia-a-dia dos confinadores. O uso de ionóforos e tamponantes, cada vez mais presentes na rotina das fazendas de pecuária de corte, permite aumentar com segurança as proporções de concentrados e grãos na dieta. Observe, na figura 1, a evolução esperada dos custos de produção da arroba engordada de um confinamento para elevar um animal de 11@ até 17,5@ em confinamento. O caso é real e foi apresentado a um produtor no início de julho de 2009. A simulação teve o objetivo de avaliar a melhor proporção entre volumosos, concentrados e grãos totais na matéria seca. Com o uso de ferramentas matemáticas (programas de custo de dieta) simulávamos os custos que seriam obtidos para a situação do empresário estabelecendo limites de volumosos e máximos de grãos na dieta. O total de grãos inclui também o que está presente na silagem de sorgo, base do confinamento do caso em questão. Além da inquestionável redução dos custos de produção, com menores proporções de volumosos, o produtor poderá fechar uma maior quantidade de bois na fazenda, haja vista que os concentrados, em sua maioria, são adquiridos no mercado. O custo se reduz basicamente por aumento no ganho de peso esperado por animal. Além da nutrição, por efeito direto, também há redução dos custos das operações tendo em vista que os animais ganhando mais peso por dia sairão antes do confinamento. Já existem dietas sem volumosos. Os resultados têm sido satisfatórios e aprovados pelos empresários que já as adotaram. Evidentemente, quanto maior a sofisticação da dieta, maior a necessidade de acompanhamento de um profissional especializado em nutrição animal. Também há maior demanda de rigor no manejo do confinamento. Com o uso destas dietas, sobra menos espaço para erros. Como tem sido constatado há tempos, as margens da pecuária tornam-se cada vez mais reduzidas. O produtor deve buscar o máximo de hipóteses possíveis para melhorar o desempenho de cada um dos processos de sua empresa. Além da nutrição, os resultados do confinamento também se alteram com a mudança da categoria e raça do animal que será confinado. Observe, na figura 2, os custos estimados para animais nelore castrado, nelore inteiro e cruzamentos industriais. A base da dieta é a mesma da figura 1. Por isso que é normal observarmos produtores insatisfeitos com os confinamentos e outros que só pensam em expandir. De saída, apenas no planejamento e no orçamento para confinamento, já é possível somar diferenças enormes em termos de resultados esperados. Imagine quando se inclui a execução de todo o projeto que nada mais é do que o esforço em fazer com que o planejado aconteça na prática. Hoje em dia não há espaço para aventuras. O produtor deve buscar entender o processo sob todas as óticas, desde financeiras até os mínimos detalhes técnicos.
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