Relação de lucro com a precocidade sexual de novilhas

Os artigos deste painel têm dado preferência aos assuntos econômicos ou a temas que aliem custos e receitas ao melhoramento genético animal. É uma forma de contribuir para uma melhor orientação com relação à definição dos objetivos de seleção visando maximizar o lucro do pecuarista. Pelo menos essa é a nossa intenção aqui. Para relacionar lucro e melhoramento genético animal é preciso conhecer a relação de custos e receitas de cada característica sob seleção com o sistema produtivo, o que não é muito praticado pelos usuários do programa de seleção. Embora esta realidade esteja pouco a pouco mudando para melhor, já que os pecuaristas estão mais atentos a análise de custos e receitas, bem como transferido esse raciocínio econômico para as decisões de seleção. O fato é que quando associamos lucro e seleção, logo nos lembramos das características relacionadas à fertilidade do rebanho. Ou pelo menos deveríamos nos lembrar delas, já que é consenso que a fertilidade do rebanho apresenta importância econômica de destaque dentre o conjunto de características passíveis de seleção. Em relação à precocidade sexual, muito tem sido discutido e praticado sobre o assunto em rebanhos nelore. O que talvez ainda esteja meio nebuloso seria a quantificação dos resultados econômicos esperados da seleção para precocidade sexual em novilhas. Seguindo este raciocínio, iremos apresentar um exemplo prático da relação entre custos e receitas da precocidade sexual e o sistema produtivo. As equações que compõem esse relacionamento matemático seguem abaixo: Lucro precocidade sexual = (Receita 1° estação reprodutiva + Receita 2° estação reprodutiva) - (Custo 1° estação reprodutiva - Custo Re-2° estação reprodutiva) As receitas da 1° e 2° estações reprodutiva referem-se à receita adicional esperada, por novilha em reprodução, oriundo da precocidade sexual, conforme o cenário de indicadores apresentado na tabela 1. Vale ressaltar que a receita é avaliada na primeira exposição da novilha em idade próxima aos 14 meses, bem como na re-concepção desta novilha. Ou seja, o benefício econômico deve ser avaliado considerando o desempenho da novilha prenhe em idade próxima aos 14 meses e na estação reprodutiva seguinte. Do mesmo modo, os custos são avaliados tanto na primeira exposição da novilha, bem como na sua re-concepção. O lucro da precocidade sexual considera, portanto, o resultado de receitas e custos acumulado da novilha em duas estações reprodutivas, já que o resultado positivo de prenhes precoce pode ser anulado caso a novilha falhe na estação reprodutiva subseqüente. Descrever a matemática que envolve os indicadores utilizados para a relação do lucro com a precocidade sexual de novilhas não é objetivo deste artigo. O importante é apresentar os indicadores utilizados e o cenário para o resultado apresentado na tabela 2. Cabe ressaltar que os resultados são dependentes dos indicadores aplicados para esta simulação, sendo esperados resultados melhores caso o índice de prenhez de novilhas precoces seja melhor que os 30% considerados neste exemplo empírico. O saldo bruto de R$25,90 refere-se à estimativa apurada por novilha que entrou na estação reprodutiva e não por novilha prenhe em idade próxima aos 14 meses. Ou seja, é o valor médio esperado para a média do rebanho de novilhas precoces, considerando que 30% delas emprenharam e 60% re-conceberam na estação reprodutiva seguinte. O leitor pode, e com razão, pensar que o benefício econômico de uma matriz que pare uma cria a mais durante sua vida reprodutiva é maior que R$25,90. É preciso destacar aqui que este resultado de R$25,90 não se refere exclusivamente à novilha precoce prenhe, mas, ao saldo médio referente a todas as novilhas que foram expostas ao touro ou inseminadas e pariram novamente, na estação reprodutiva seguinte.
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