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Scot Consultoria

Beócios agrários


Quarta-feira, 20 de setembro de 2006 - 14h37


Abelardo Lupion é um dos parlamentares mais queridos do Congresso Nacional. Articulado, educado, idealista, não é político profissional, destacando-se como criador de gado nelore, de excelente genética. Sua família tem história no Paraná. Após o final da CPMI da Terra, em 2005, o deputado Lupion foi jurado de morte pelo MST. Foi ele quem denunciou o “mensalão” da reforma agrária. Milhões de reais eram, e infelizmente continuam sendo, desviados dos cofres públicos através de convênios fajutos. Seu relatório incriminou entidades ligadas aos invasores de terras. Agora, a Via Campesina está querendo executar a sentença. Espertamente, arranjou um disfarce, a compra da Fazenda Santa Rita. Botou a Monsanto e um herbicida, o glifosato, no meio da jogada. Usa a multinacional e o agrotóxico para confundir a opinião pública e justificar sua violência contra a democracia. A malandragem da Via Campesina parte de uma medida provisória, reeditada algumas vezes, pela qual o governo, tanto FHC quanto Lula, legitimou o plantio de soja RR, transgênica, no Rio Grande do Sul. Não havia saída, era fato consumado. Restava, porém, outro problema: o herbicida glifosato, comercializado pela Monsanto com o nome comercial Roundap, não tinha registro para uso específico nessa variedade de soja RR. Ocorre que esse herbicida é o responsável pela enorme vantagem da soja transgênica. Como funciona? Pulverizado sobre a cultura, após a emergência das sementes, o defensivo mata todas as ervas invasoras, mas é inócuo para a planta principal. Limpa a plantação do mato. Uma maravilha da ciência. Assim, o Ministério da Agricultura regulamentou o uso, em pós-emergência, do glifosato na soja RR. Fez sua obrigação. Duas questões, uma econômica e outra técnica, poderiam ser levantadas. Primeiro, sobre o favorecimento da Monsanto. Afinal, é dela a patente mundial do herbicida Roundap. Tal patente, entretanto, caducou há mais de dez anos, caindo em domínio público. A marca Roundap continua, claro, pertencente à Monsanto. Mas a molécula básica do herbicida, o glifosato, está hoje sendo comercializada, no Brasil, em 27 diferentes marcas comerciais, de variadas empresas, nacionais e multinacionais. Quer dizer, quem quiser plantar a soja RR, da Monsanto, pode utilizar o herbicida glifosato da Nortox, apenas para dar um exemplo. Inexiste qualquer monopólio. Em segundo lugar, resta a dúvida técnica sobre a toxicidade do herbicida. O glifosato tem registro oficial para uso, em pós-emergência, para inúmeras culturas, incluindo silvicultura, fruticultura e, inclusive, na capina de áreas urbanas. Sua molécula é pouco tóxica, sendo rapidamente degradada por microorganismos. Curiosamente, descobriu-se que seu uso pode aumentar a atividade microbiana no solo, pois o fósforo contido em sua fórmula é reaproveitado para o metabolismo dos seres invisíveis. O herbicida, grudado pelas argilas, não mostra mobilidade no solo, não contaminando os lençóis freáticos. Todas essas informações são conhecidas da agronomia nacional. John Giesy, do Departamento de Agricultura do Canadá, publicou em 2000, na Environmental Contamination Toxicology, ampla revisão sobre o tema, comprovando a relativa inocuidade do glifosato. Não se espera que os beócios da Via Campesina entendam de toxicologia de herbicidas. Nem tampouco se permitirá que usem a máscara da mentira para disfarçar seus propósitos fascistas. Não existe nada de errado no negócio da Fazenda Santa Rita. O que eles querem, pela intimidação, é calar a voz do Abelardo Lupion, ameaçando invadir-lhe a fazenda. Não passarão. Quem garante são os produtores rurais, não somente os do Paraná, mas de todo o País. Estão indignados. Mobilizam-se para defendê-lo. Todos sentem que esse assunto está passando do ponto. Ninguém agüenta mais esses justiceiros agrários. Será, pensam, uma antecipação do que pode ocorrer a partir do ano que vem, caso Lula vença? Vão tocar fogo no País? A resposta deveria ser oferecida à Nação antes das eleições.
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