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Scot Consultoria

A função social dos produtos


Sexta-feira, 13 de junho de 2008 - 14h52

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


Observamos o debate em torno do controle da inflação: todos querem saber se a inflação volta para valer ou estamos convivendo com uma "bolha inflacionária". Não obstante essa discussão, penso que somente se houver muita incompetência do Governo para não conseguir controlar a inflação. Mas vale avançar na discussão. A lógica observada no mercado é: aumento de preços dos alimentos, quer pela maior demanda, quer pela redução de área plantada ou ainda via especulação, contamina os demais preços da economia, atingindo o consumidor final. Em determinado momento observa-se elevação de preços no atacado e na ponta, chega ao consumidor final. Tirando os oportunistas que se aproveitaram desse mundo de repique de preços, o raciocínio dos aumentos nos preços dos alimentos é que esses são alinhados a partir dos preços internacionais, ou seja, são setores tomadores de preços praticados no mercado. O grande problema é que inflação provocada pelos alimentos atinge em cheio o elo extremamente fraco: os consumidores, notadamente aqueles que dependem dos salários ou até mesmo da economia informal. Quando as altas de preços contaminam esse grupo alimentação o peso relativo dos produtos que compõem a cesta básica assume proporção descabida na renda desses trabalhadores. Neste ponto devemos considerar: como fica a função social das empresas e governo? O lucro pelo lucro permite essa distorção? Como garantir vida digna se há evidente distorção entre os preços e a capacidade de as pessoas adquirirem os produtos? Não há aqui uma defesa de tese sobre o papel do Estado, mas sim um clamor pelo bom senso. Produtores de setores importantes não podem simplesmente alegar elevação de preços porque fora do país pagam mais por sua mercadoria, portanto, esses passam ser seu referencial, sem qualquer penalização. Também é inadmissível que o Governo se utilize somente da política monetária restritiva para controlar a inflação. Tem que fazer mais, setorialmente. Em resumo: ou efetivamente temos atuação firme dos setores organizados (inclusive os Poderes constituídos) ou a ganância, tendo como pano de fundo a "globalização" se encarregará de executar a maior concentração de renda já observada neste país, via inflação. Finalmente clamo: não venham com mais juros para "acertar" essa distorção, pois o efeito colateral é muito pior, ainda. Chega um momento em que a paciência se esgota. Estamos perto desse momento.
Reinaldo Cafeo - 44 anos, economista, professor universitário, pós-graduado em Engenharia Econômica, mestre em Comunicação. Atualmente, é Conselheiro do Conselho Regional de Economia - CORECON, consultor empresarial nas áreas econômico-financeira, diretor da Associação Comercial e Industrial de Bauru, perito habilitado para atuar em processos na Justiça do Trabalho e Cível (perícia econômico-financeira), vice-diretor da Faculdade de Ciências Econômicas, comentarista econômico da TV GLOBO e da 94fm Bauru e Diretor do Escritório de Economia ECONOMI@ Online.
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