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Scot Consultoria

Os injustificáveis juros altos


Sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008 - 11h07

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


Os recentes temores da recessão americana e ainda a pressão sobre os índices de inflação no Brasil fizeram com o Banco Central brasileiro colocasse o pé no freio e a taxa básica de juros não sofreu redução, sendo que há até a perspectiva de alta. Ocorre que os juros básicos, esses monitorados pela autoridade monetária, é somente um componente na formação dos juros para os tomadores de recursos no mercado. Por sinal tem forte relação com a rolagem da dívida do governo. Os chamados agentes deficitários, ou seja, no popular, os “sem dinheiro”, estão amargando juros mais elevados para cobrirem a falta de caixa. As taxas de juros mais baratas são as oferecidas na modalidade crédito consignado. O fato de descontar diretamente da folha de pagamento possibilita menor nível de inadimplência, barateando seu custo. Os juros oscilam entre 1,5% a 3% ao mês, ou de 19,5% a 42,5% ao ano. Observem que não é tão barato assim. Agora, são injustificáveis as taxas de juros de outras modalidades. O cheque especial, por exemplo, tem taxa média na casa dos 7,8% ao mês. Estamos falando de 142,2% ao ano. Outra modalidade que “esfola” os sem dinheiro é o cartão de crédito. Juros médios de 10,3% ao mês, ou o equivalente a, pasmem, 224,2% ao ano. Podem alegar forte inadimplência, até mesmo a cunha fiscal, ou ainda, os custos operacionais, contudo, o que realmente está por trás dessas taxas tão desproporcionais se comparadas ao resto do mundo, é que o “spread” (lucro) bancário está nas alturas. É só verificar os resultados dos bancos brasileiros: lucros cada vez maiores. Isso tudo sem falar nas tarifas bancárias entre outros custos que o usuário do sistema bancário é obrigado a arcar. Alguém pode nessa altura dizer: é o preço da estabilidade. E responderia sem medo de errar: preço burro pela estabilidade. Controlar preços a custas de pessoas e empresas que lutam para sobreviverem no mercado é o mesmo que atacar em cheio a distribuição de renda. Mesmo consagrada pela ciência econômica, a política monetária brasileira precisa ser analisada por outro prisma, e ao mesmo tempo, buscar outras formas de controle na economia, não somente penalizando os agentes deficitários, ou melhor, os sem dinheiro. Quantos aos juros na ponta: fica evidente a passividade do governo, que não faz nada contra a abusiva taxa de juros de mais de 200% ao ano, e o que é pior, divulga no site do Banco Central esse abuso. Algo tem que ser feito.
Reinaldo Cafeo - 44 anos, economista, professor universitário, pós-graduado em Engenharia Econômica, mestre em Comunicação. Atualmente, é Conselheiro do Conselho Regional de Economia - CORECON, consultor empresarial nas áreas econômico-financeira, diretor da Associação Comercial e Industrial de Bauru, perito habilitado para atuar em processos na Justiça do Trabalho e Cível (perícia econômico-financeira), vice-diretor da Faculdade de Ciências Econômicas, comentarista econômico da TV GLOBO e da 94fm Bauru e Diretor do Escritório de Economia ECONOMI@ Online.
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