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Scot Consultoria

Será que o Banco Central está certo?


Segunda-feira, 29 de outubro de 2007 - 09h01

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


Na ata do Comitê de Política Monetária, divulgada nesta quinta-feira, vieram às explicações para a manutenção da taxa juros básica do Brasil em 11,25%. Todos se recordam que na semana anterior o Comitê optou pela interrupção da queda que já ocorria há 25 meses. O foco principal do diagnóstico e prognóstico das autoridades monetárias é a inflação. Justificam a decisão fazendo alusão à crise internacional, que entendem ainda não ter acabado. Mencionam o preço do petróleo como foco de inflação. Levantam a questão da possível elevação nos gastos públicos no ano que vem, ano eleitoral. Alegam que o investimento interno não acompanha o crescimento da demanda; que a renda interna sobre e com ela o poder aquisitivo da população. Enfim, todos os pontos levantados convergem para um único temor: pressão sobre os preços. A dúvida que fica é: será que o Banco Central está certo? Se analisarmos a decisão em manter os juros elevados, em uma visão extremamente técnica, somente do lado monetária da economia, poderíamos até entender como razoáveis as justificativas apresentadas pelos membros do Copom. Entretanto, a análise deve também contemplar o lado real da economia, esse que gera riqueza, emprego e renda, ou seja, aonde a coisa efetivamente acontece. Juros elevados combatem inflação de demanda, ou seja de bens financiáveis e as últimas elevações de preços vêm de produtos que guardam uma relação direta com juros, como o caso dos alimentos. Além deste aspecto o Brasil continua atraindo o capital estrangeiro, muito menos pelos juros oferecidos para rolagem da dívida interna, mas muito mais pelo baixo risco e potencial de retorno ao capital aqui injetado. E outro, e diria fundamental aspecto, é que os juros na ponta, esses que as empresas pagam para manter seu capital de giro, que a pessoa física paga no cheque especial, no cartão de crédito e até mesmo no crediário (com influência na demanda) não sofrerão redução ou elevação significativas. Por exemplo, podemos ter taxas de 149% ao ano para 149,5%, ou ainda de 60% para 60,5% ao ano. Essas oscilações não são suficientes para mudar o comportamento do consumidor. Vou ficar com o efeito psicológico da decisão, isto é, o Copom seria como o pai severo dizendo a sua filha: não chegue tarde em casa senão ficará de castigo. E aí a jovem sai, faz tudo que pretende fazer até as 11 da noite e chega em casa no horário combinado e o pai tem aquela sensação que controla a vida da jovem filha. Ledo engano. É pouco para um país que precisa canalizar esforços para crescer.
Reinaldo Cafeo - 44 anos, economista, professor universitário, pós-graduado em Engenharia Econômica, mestre em Comunicação. Atualmente, é Conselheiro do Conselho Regional de Economia - CORECON, consultor empresarial nas áreas econômico-financeira, diretor da Associação Comercial e Industrial de Bauru, perito habilitado para atuar em processos na Justiça do Trabalho e Cível (perícia econômico-financeira), vice-diretor da Faculdade de Ciências Econômicas, comentarista econômico da TV GLOBO e da 94fm Bauru e Diretor do Escritório de Economia ECONOMI@ Online.
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