• Domingo, 28 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

O que esperar dos juros no Brasil?


Segunda-feira, 10 de setembro de 2007 - 11h19

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


A taxa básica de juros foi reduzida para 11,25% ao ano. A decisão do Comitê de Política Monetária foi unânime no sentido de reduzi-la em 0,25 ponto percentual. Mas o que efetivamente o Copom sinalizou com essa decisão? Evidentemente que ao optar por reduzir o ritmo de queda, que vinha na casa dos 0,5 ponto percentual, foi considerada a questão conjuntural. Com a crise externa, com o impacto no preço de produtos, notadamente do setor de alimentos, e ainda aumento de demanda por bens duráveis, não havia ambiente para se esperar outro comportando do já conhecido e conservador Banco Central. A sinalização é no sentido de demonstrar que há controle sobre as variáveis econômicas, que há blindagem em relação à crise, mas também que não haverá descuido no controle da inflação, mesmo com o conforto das projeções atuais, que apontam para um patamar de elevação média dos preços neste ano, abaixo dos 4,5% estabelecida no sistema de meta de inflação. A dúvida mais significativa é: qual deve ser o nível de juros reais (juros nominais descontado a inflação projeta), para que se mantenha o controle sobre a inflação e ainda garanta a atratividade nos títulos públicos, sem que, neste caso, haja comprometimento da rolagem da dívida pública. O pequeno repique da inflação tem dois focos: há um aumento de demanda em setores que sofrem influência dos juros, como o financiamento de bens duráveis. O outro foco é na oferta: como a alta de preços do setor de alimentos. Ocorre que manter juros elevados somente para o eventual combate ao aumento da demanda dos bens financiáveis não nos parece uma decisão adequada, à medida que ainda há estoques e espaço para crescimento do nível de oferta desses bens. Resta, portanto, a estratégia no tocante a rolagem da dívida pública. Com juros reais na casa dos 7% ao ano, mesmo sendo a maior taxa do mundo, sem que a haja uma efetiva confiança de longo prazo no país, pode ter acendido o sinal de alerta para o governo, portanto, o espaço para redução dos juros fica mais estreito. Mesmo com essa lógica no parece plausível estruturar o país no sentido de alcançar inflação de primeiro mundo e praticar juros de primeiro mundo. Hoje os juros no Brasil são inibidores do crescimento econômico. A reversão desse quadro se dará com confiança de longo prazo, que precisa ser construída e na imposta.
Reinaldo Cafeo - 44 anos, economista, professor universitário, pós-graduado em Engenharia Econômica, mestre em Comunicação. Atualmente, é Conselheiro do Conselho Regional de Economia - CORECON, consultor empresarial nas áreas econômico-financeira, diretor da Associação Comercial e Industrial de Bauru, perito habilitado para atuar em processos na Justiça do Trabalho e Cível (perícia econômico-financeira), vice-diretor da Faculdade de Ciências Econômicas, comentarista econômico da TV GLOBO e da 94fm Bauru e Diretor do Escritório de Economia ECONOMI@ Online.
<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja