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Scot Consultoria

Fim do acordo com o FMI: paciente liberado, ou doença crônica?


Terça-feira, 19 de abril de 2005 - 15h00

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


  • O Brasil optou por não renovar o acordo com o Fundo Monetário Internacional.
  • Esta decisão abre espaço para uma ampla discussão que transcende os aspectos econômicos.
  • O FMI tem como função básica socorrer países com desequilíbrio no balanço de pagamentos (registro de toda a movimentação de recursos com o resto do mundo). Quando faltam recursos ou então há indícios de forte desconfiança no país, o Fundo, após minuciosa análise, libera recursos, que garantem uma "blindagem" contra ataques especulativos, gerando entre outras coisas, tranqüilidade para superar a crise.
  • Ao conceder crédito, o FMI passa a ingerir na rotina econômica do país.
  • Nesse caso utiliza o que chamamos de instrumentos ortodoxos (clássicos), ou seja, combina forte ajuste fiscal (aumento de arrecadação e/ou redução de gastos) e política monetária apertada (juros altos, rigidez monetária, etc).
  • Parte do princípio que se o país não cuidar das contas públicas e da base monetária, a economia sai de controle, gerando entre outras coisas a indesejada inflação.
  • Ao não renovar o acordo é como se o paciente chamado Brasil saísse da UTI, e dissesse aos médicos, "quero tentar um tratamento em casa". Pactua com a família: cumprirei horário, farei exercícios, tomarei os medicamentos recomendados, e farei tudo que for necessário para provar que estou bem e não terei recaída.
  • A dúvida que paira no ar é que, como essa iniciativa foi do paciente e não da junta médica, será que a opção do país em não renovar o acordo se deu em função da melhora do paciente ou por ser considerado um paciente crônico, portanto, não vale a pena mais ficar na UTI, já que não tem mais salvação?
  • Se não fosse um momento de forte discussão política, que tem como pano de fundo as eleições do próximo ano, a avaliação seria positiva, afinal, uma economia anual com o fim do acordo, acima de R$ 1,1 bilhão só de juros, não é nada mal, entretanto, não podemos descartar a opção pela capitalização política com esse rompimento, ou seja, o governo pode cair na fala comum: "a gente conseguiu ser tão maduro que a gente rompeu com o FMI. A gente está no caminho certo".
  • Nesse caso vale a celebre frase: "a mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta".
  • O governo terá que se desdobrar para provar que é austero. Neste particular a prática tem sido no sentido de aumentar arrecadação com péssima qualidade nos gastos. Isso ninguém mais suporta.
  • Seria mais prudente segurar a coisa para não ter que voltar a pedir socorro, do que justificar a volta ao Fundo.
  • Mas isso só o tempo dirá.
  • Com diz o amigo Célio Gonçalves: "oremos!".
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