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Scot Consultoria

Empresário rural


por Otaliz

Quarta-feira, 29 de abril de 2009 - 21h51

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


Nos freqüentes encontros que tenho com grupos de produtores rurais para debater assuntos relativos à gestão de empresas costumo, a título de motivação ou provocação, perguntar no início do evento: “entre os presentes existe algum empresário?”. Invariavelmente a resposta vem, entre sorrisos tímidos ou constrangidos – “Nós empresários!? Somos apenas pequenos ou médios produtores rurais.” Tenho constatado que na percepção popular, o termo “empresário” está vinculado aos grandes empreendedores, proprietários de cadeias de lojas, bancos ou grandes indústrias. Os proprietários rurais, de um modo geral, não se identificam com o termo, posto que não se consideram empresários, mas sim produtores rurais. Nessa concepção, empresários são os proprietários da agroindústria que compram, beneficiam e comercializam os produtos do meio rural. Não se trata aqui de discutirmos uma mera questão de semântica, mas o fato de os produtores não assumirem a condição de empresários tem reflexos importantes no comportamento e atitudes dos mesmos na condução de suas propriedades rurais. DEFININDO EMPRESA Para fins didáticos, entre as dezenas de definições de empresa, vou servir-me daquela que me parece mais adequada aos propósitos deste artigo. “Empresa é todo o empreendimento que produz um bem ou um serviço que tem um valor econômico e é consumido pela comunidade”. Dentro desta ótica, a humilde sapataria do bairro é uma empresa, na medida em que produz um serviço (consertar sapatos), que tem um valor econômico e é consumido e pago pela comunidade. Ora... a propriedade rural que produz bens (feijão, leite, carne, frutas, etc.) e os comercializa, é uma empresa. Por consequência, a pessoa que a administra é um empresário. Agora, se é um empresário competente ou não, isto é outra estória. Mas é um empresário sim! UM OLHAR MAIS ADIANTE Ao assumir a condição de empresário, a tendência é de que o proprietário rural passe a olhar sua propriedade não apenas como um local ou ambiente de produção, mas sim como uma empresa que precisa ser administrada em seu conjunto. Os componentes básicos como terra, capital, mão-de-obra e tecnologia devem merecer igual atenção do administrador, posto que a saúde e o equilíbrio da empresa dependem fundamentalmente do gerenciamento harmonioso de todos esses fatores. De um modo geral, o proprietário que não se considera empresário concentra todo o seu esforço e trabalho exclusivamente na área da produção. Os componentes capital, mão-de-obra e tecnologia são relegados a um segundo plano, quando não totalmente ignorados. Por não avaliar o valor e a importância do capital da empresa, tanto o imobilizado como o circulante, é comum o produtor considerar a receita bruta de uma determinada atividade como lucro líquido e passar a gastá-la de forma liberal, sem planejamento e sem se dar conta que está “comendo” o capital da sua empresa. Em muitos casos a administração financeira resume-se em anotar as saídas de dinheiro no canhoto do talão de cheques. Mais adiante, quando os sinais de descapitalização da empresa começam a se tornar evidentes, torna-se difícil revitalizá-la. Aí, o negócio é culpar a política econômica do governo, dizer que a agricultura não tem jeito mesmo e a saída é vender a terra que restou e tentar uma nova vida em outro ramo de atividade. Também por entender que a sua missão é produzir, o produtor que não assume a postura de empresário, não dedica a atenção necessária para o componente mão-de-obra que é absolutamente indispensável para o bom desempenho da empresa. Poucas são as empresas rurais que contam com uma equipe de trabalho permanente, ajustada às necessidades da empresa, qualificada, consciente de suas responsabilidades e satisfeita com o ambiente onde atuam. Tudo isso acontece porque de um modo geral o produtor rural não se identifica com a figura de empresário. Portanto, leitor, se você é proprietário e/ou administrador de um estabelecimento rural, você é um empresário. Assuma-se!l
Otaliz de Vargas Montardo é médico veterinário e instrutor do Senar – RS
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