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Scot Consultoria

Em busca da vaca ideal


por Otaliz

Sexta-feira, 29 de agosto de 2008 - 14h51

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


No artigo publicado na edição anterior deste informativo, referi-me às tendências de que os preços a serem pagos pelo leite aos produtores venham a ser balizados pelo teor de sólidos totais. E que este teor, de certo modo, guarda uma relação inversa com o volume (litros) produzido pelas vacas. Ou seja, quanto mais elevada for a produção diária de uma determinada vaca, mais baixo será o teor de sólidos totais. Insisto que não estou pregando que deveremos trabalhar com rebanhos de baixos níveis de produção a fim de melhorar a qualidade composicional do leite. Mas se fará necessário que encontremos um ponto de equilíbrio entre produtividade e qualidade. Onde está esse ponto de equilíbrio? Não sei! Será necessária uma profunda revisão de certos conceitos arraigados na cultura dos produtores e também de alguns técnicos, a fim de que possamos avaliar criteriosa e harmonicamente todos os fatores que constituem os processos produtivo e econômico da atividade leiteira. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO Entre os conceitos que precisam ser reavaliados está o que se refere ao desempenho produtivo do rebanho. É comum produtores avaliarem seus rebanhos utilizando como parâmetro um critério único – a produção diária. “Esta é uma vaca de 40 litros por dia!” Mas não mencionam o período (dias) em que a vaca manteve esse nível de produção. Ora, avaliação consistente de desempenho produtivo é aquele que contempla a produção total de todo o período de lactação e não apenas pelo comportamento produtivo durante um curto espaço de tempo. O controle de lactação é que permite avaliar o real desempenho produtivo de um rebanho e identificar os animais que apresentam maior persistência na curva de lactação. Estes animais, mesmo não apresentando picos elevados de produção diária, podem ser mais produtivos do que as vacas “mimosas”. Outro aspecto que normalmente não é avaliado pelos produtores é o custo de produção. Alguma vaca mantém elevados índices de produção diária graças ao consumo de generosas porções de ração concentrada, o que eleva de forma substancial o custo por litro de leite produzido. É bom lembrar que nem sempre maior produção significa necessariamente maior rentabilidade. Outro fator que normalmente é pouco considerado, ou até mesmo omitido na avaliação do desempenho produtivo dos rebanhos, é o comportamento reprodutivo. Mesmo vacas com elevados níveis de produção leiteira, serão pouco rentáveis se o intervalo entre partos for muito dilatado. Se considerarmos que a lactação é uma conseqüência direta do parto, vacas com intervalo entre partos de 18 ou mais meses, ao longo da vida produtiva serão menos eficientes do que aquelas que mesmo apresentando menores níveis de produção, iniciam uma nova lactação a cada ano. Estas, ao longo da vida útil, acabam sendo mais produtivas e rentáveis do que as primeiras. RESPONDENDO À PERGUNTA Dentro desta linha de raciocínio, qual seria a vaca ideal? No meu conceito seria aquela vaca que: apresenta bons níveis de produção leiteira ao longo de cada período de lactação; produz leite com teores de sólidos totais acima de 3,5%; com baixos custos de produção tendo nas forrageiras o principal insumo alimentar; intervalo entre partos de 12 a 14 meses, o que garante um maior número de lactação ao longo da vida produtiva e que se mantenha em estado hígido de saúde.
Otaliz de Vargas Montardo é médico veterinário e instrutor do Senar – RS
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