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Scot Consultoria

Oportunidades e ameaças


por Otaliz

Quarta-feira, 30 de julho de 2008 - 15h14

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


Já escrevi nesta coluna que os produtores leiteiros do norte e noroeste do Rio Grande do Sul estão otimistas com as perspectivas de valorização da atividade nos próximos anos. Este otimismo se justifica na medida em que a implantação de seis novas indústrias de laticínios bem como ampliação da capacidade de recebimento das empresas já em operação estão a indicar uma forte competição na área de captação de leite. Proprietários rurais que há alguns anos exploram a atividade leiteira estão ampliando seus rebanhos, enquanto que outros recém estão ingressando na atividade e para isso estão investindo na construção de instalações, compra de equipamentos e de animais. Instituições financeiras oficiais ou privadas estão disponibilizando financiamentos, alguns com juros subsidiados, a fim de dar suporte aos investimentos. Tudo bem, mas... E A QUALIDADE DO LEITE? Preocupa-me o fato de que grande parte dos produtores, os experientes e os novatos, movidos por otimismo exagerado, prevêem “um mar de rosas” para a atividade leiteira nos próximos anos. E ignoram que junto com as oportunidades surgem ameaças, por enquanto sutis, mas que futuramente se materializarão na forma de exigências e mudanças que poderão provocar alterações significativas no sistema de produção. Refiro-me às questões relativas à qualidade do leite. Num primeiro momento, em função da enorme competição na compra de leite, as indústrias se limitarão a exigir e/ou remunerar a qualidade higiênica do leite, atenta para os seus interesses e para as exigências legais. Há quem diga que futuramente as indústrias não comprarão mais litros de leite, mas sim quilos de sólidos totais como já ocorre em alguns países europeus. Mais adiante, porém, considerando que a maioria dessas indústrias terá pouco ou nenhum interesse na comercialização de leite fluído, posto que estará focada na exportação de lácteos, a tendência é que passem também a valorizar a qualidade composicional do leite, ou seja, o conteúdo de sólidos totais. Há quem diga que futuramente as indústrias não comprarão mais litros de leite, mas sim quilos de sólidos totais como já ocorre em alguns países europeus. Na Nova Zelândia há muitos anos o leite é remunerado por quilos de gordura e não por litros. Se essa tendência vier a ser confirmada, implicará em significativas mudanças nos conceitos e procedimentos referentes ao sistema atual de produção. Atualmente valorizam-se vacas de alta produção e que sustentam esse desempenho graças ao consumo de generosas quantidades de rações concentradas. No entanto, a pesquisa comprova que o conteúdo de sólidos totais, particularmente gordura e proteínas, é inversamente proporcional à quantidade da produção. Ou seja, vacas de alta produção são responsáveis pela queda do conteúdo de sólidos totais no leite da propriedade. Calma...calma! Não estou pregando a exploração de rebanhos de baixo desempenho ou produtividade. Temos sim é que encontrar o ponto de equilíbrio. Bom desempenho produtivo e reprodutivo e com a produção de leite com elevado conteúdo de sólidos totais (gorduras, proteínas, açúcares, minerais e vitaminas). Alguns desses fatores estão ligados ao sistema de alimentação do rebanho. As dietas a base de forrageiras aumentam o conteúdo de sólidos totais enquanto que os concentrados os reduzem. Portanto, o tamanho da área de terra destinada para a produção leiteira e, por conseqüência, o potencial de produção de pastagens é que vai determinar o tamanho do rebanho a ser explorado. Há ainda fatores raciais e genéticos que influem diretamente no conteúdo de sólidos totais. Neste particular, a raça Jersey deverá ganhar um espaço significativo nos rebanhos.
Otaliz de Vargas Montardo é médico veterinário e instrutor do Senar – RS
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