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Scot Consultoria

Foi bom, mas...e daí?!


por Otaliz

Quinta-feira, 29 de maio de 2008 - 21h09

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


Congressos, seminários, fóruns, assembléias e outros eventos do gênero normalmente se revestem de grande importância na medida em que propiciam a troca e o aprofundamento de idéias, análises coletivas de problemas, apresentação de alternativas ou propostas, busca comum de ações que possam mudar situações indesejáveis, resolver problemas ou promover o crescimento de pessoas, grupos, empresas ou outras instituições. O leitor desta coluna certamente já participou de alguns ou vários eventos desta natureza. Bem... agora vem a pergunta: quantos e quais desses eventos efetivamente tiveram conseqüências práticas e de fato provocaram mudanças consistentes no comportamento, atitude ou desempenho dos participantes, sejam pessoas, empresas ou instituições? SEM CONSEQÜÊNCIAS, SEM MUDANÇAS... Pela minha longa experiência sou forçado a reconhecer que, ressalvando exceções, grande parte desses eventos se encerram em si mesmos. Ou seja, não trazem conseqüências práticas, nem configuram mudanças efetivas. Isto ocorre não porque os eventos sejam desprovidos de objetivos ou valores. Se assim fosse não haveria sentido em organizá-los e nem mereceria a atenção do público que participa dos mesmos. Pelo contrário, é comum ouvir-se comentários entusiasmados de participantes confirmando a aceitação plena das propostas e idéias apresentadas e distribuindo sinceros elogios aos palestrantes. Mas e daí? Se as conclusões do evento (seminários, congressos, etc...) são boas, claras, objetivas e factíveis, por que não implementá-las? Acontece que, de um modo geral, todos temos uma marcada tendência para a comodidade e diante do novo, do desafio de mudanças, nos mantemos na defensiva aguardando que “alguém venha fazer alguma coisa”. E, normalmente, imaginamos que esse “alguém” está representado por pessoas que estão na cúpula das instituições públicas ou em cargos políticos importantes. Aqui reside a principal falha nos processos de mudança. A história nos mostra que as grandes revoluções que efetivamente mudaram costumes, leis, processos, comportamentos e atitudes tiveram suas origens nas bases e não nas cúpulas. O movimento que culminou com a independência da Índia teve sua origem nas bases populares. Foi a atitude de um homem do povo, Gandhi, que nunca exerceu um cargo público, que desencadeou esse movimento que acabou por libertar o povo indiano do jugo inglês. As odiosas leis que davam sustentação à segregação racial e humilhavam a população negra norte-americana sofreram profundas alterações a partir do momento em que uma humilde professora negra negou-se a ceder seu assento no ônibus para um passageiro branco. A atitude positiva e corajosa dessa professora foi o ponto de partida para a mobilização da população afro-americana que obrigou a cúpula a rever suas posições. Também no Brasil, mudanças político-sociais importantes como a abolição da escravatura, Diretas Já, entre outras, tiveram origem nas bases populares. Ora, se situações tão complexas como as anteriormente citadas sofreram profundas alterações a partir da tomada de posição de pessoas simples, é lógico supormos que questões menos complexas, mas não menos importantes, como reformas no sistema básico de ensino, transferência de tecnologia para as pequenas empresas rurais e melhor distribuição da renda nacional são perfeitamente factíveis desde que as pessoas interessadas assumam posições e ao invés de esperar que “alguém venha fazer alguma coisa”, perguntem-se “o que eu posso fazer?” Pois este tema me veio à mente enquanto participava de Fórum Estadual de Educação para o Meio Rural, em Santo Ângelo-RS. As análises do problema da educação foram muito lúcidas, as propostas muito claras e objetivas e os debates muito ricos. Os aplausos que às vezes interrompiam os palestrantes testemunhavam o grau de aceitação das idéias, propostas e sugestões apresentadas. O caminho está delineado, agora é imprescindível que as pessoas interessadas comecem a caminhar. Esse fórum terá conseqüências se cada um dos participantes, dentro das suas possibilidades, assumir um papel decisivo para a efetivação das mudanças tão necessárias.
Otaliz de Vargas Montardo é médico veterinário e instrutor do Senar – RS
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