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É preciso mudar...


por Otaliz

Terça-feira, 29 de abril de 2008 - 15h36

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


Repetidas vezes, em edições anteriores deste informativo, referi-me aos problemas que impedem ou dificultam a efetiva transferência de tecnologia para o meio rural. Existem várias instituições, tais como universidades, cooperativas, Emater, sindicatos, Senar, Sebrae, etc..., que desenvolvem programas de capacitação e disponibilizam técnicos para atender aos produtores rurais. No entanto, os resultados obtidos são pouco significativos se compararmos a carga de trabalho realizada pelas instituições citadas e os valores financeiros despendidos, com o número de produtores efetivamente beneficiados e que de forma consistente incorporam as tecnologias e as práticas propostas. Considere-se ainda que um enorme contingente de produtores rurais não é alcançado por essas instituições. São várias as causas deste problema, mas, a meu juízo, uma das principais é que essas instituições, apesar de terem como objetivo o mesmo público-alvo, transitam em caminhos paralelos, não dialogam entre si, não se complementam. De um modo geral, cada instituição se encerra em si mesma e não busca estratégias de ação no sentido de somar esforços com as outras buscando a ampliação da área de abrangência de suas atividades. A questão da capacitação do produtor rural se tornou ainda mais relevante na região noroeste do Rio Grande do Sul. Ocorre que a implantação de cinco novas grandes indústrias de laticínios aponta para profundas mudanças no perfil agropecuário local, prevendo-se que, em poucos anos, a atividade leiteira se tornará o carro-chefe da economia primária desta região. Isto implica numa premente necessidade de profissionalização dos produtores leiteiros a fim de que possam se ajustar às novas exigências do mercado no que se refere à escala de produção, qualidade do leite e produtividade. É verdade que aqui já existe um número considerável de produtores leiteiros eficientes, mas também é verdade que há um contingente significativo de pequenos produtores carentes de suporte técnico e capacitação. É imperioso que esses produtores recebam um apoio técnico consistente, bem como uma atenção especial das instituições de crédito rural. Para que isso aconteça, será necessária uma mudança de postura, de metodologia e uma aproximação estreita entre as instituições envolvidas. Em não acontecendo o exposto, a tendência é que em médio prazo esses produtores sejam alijados do processo. LUZES NO FIM DO TÚNEL Mas, felizmente estão surgindo luzes no fim do túnel. Duas iniciativas de lideranças rurais e empresariais desta região estão sinalizando mudanças importantes no sistema de apoio aos produtores rurais. A primeira delas partiu de uma associação de propósitos entre o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de Ijuí com o Banco do Brasil visando o estabelecimento do DRS (Desenvolvimento Rural Sustentável). Ao que me consta, nesta região é a primeira vez que um banco oficial busca apoio de instituições que efetivamente conhecem as características e carências do meio rural para, em conjunto, elaborarem um programa de apoio financeiro, técnico, educativo, sem perder de vista as questões de sustentabilidade do meio ambiente. A segunda iniciativa tem um aspecto mais abrangente, pois contempla um projeto de alcance regional. Esta se constitui numa associação efetiva entre a pesquisa (Embrapa) e a extensão rural (Emater), com a participação de outras entidades como universidades, cooperativas, prefeituras e empresas privadas. Abordarei estes assuntos na próxima edição deste boletim informativo.
Otaliz de Vargas Montardo é médico veterinário e instrutor do Senar – RS
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