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Scot Consultoria

Lamentável...pronfundamente lamentável!


por Otaliz

Sexta-feira, 26 de outubro de 2007 - 15h42

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


Nos últimos dias os principais jornais gaúchos publicaram notícias altamente constrangedoras para o segmento leite do agronegócio deste Estado. Empresas, ou pelo menos uma empresa, foi flagrada adicionando água no leite destinado ao mercado consumidor. Tratava-se de uma iniciativa, deplorável sob todos os aspectos, para compensar a redução na oferta do produto. Confesso que fiquei preocupado diante de tamanha irresponsabilidade. Mas minha preocupação cresceu de forma significativa quando, através dos noticiários da TV, constatei que essa prática criminosa não se restringe a uma ou outra empresa deste Estado, mas que também vem ocorrendo em outras regiões como é o caso de Minas Gerais. E, se a inspeção sanitária oficial for mais eficiente, com certeza aparecerão mais casos de fraudes. DÁ PARA CONFIAR? Mas, agora me assalta um pergunta – os órgãos de inspeção sanitária oficiais são totalmente confiáveis? Empresários desta estirpe, capazes de fraudar um produto nobre por natureza, deveriam ser banidos em definitivo da cadeia agroindustrial do leite. As conseqüências dessas atitudes não poderiam ser mais danosas. Em primeiro lugar, colocam em risco a saúde dos consumidores, fato que por si só já justificaria uma punição exemplar – que certamente não acontecerá. Somos o país da impunidade. As conseqüências perversas dessa postura condenável não ficam restritas à área da saúde pública, o que já seria suficiente para merecer o repúdio geral, mas afetam de forma contundente o “negócio leite como um todo”. Já há alguns anos instituições sérias vêm se esforçando para promover um aumento no consumo de lácteos em nosso país, posto que o consumo “per capita” no Brasil está muito abaixo daquele recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Concomitantemente, empresários patifes fazem a anti-propaganda, comercializando produtos lácteos de qualidade duvidosa, sob o olhar condescendente da fiscalização sanitária. E tem mais... CELEIRO DA HUMANIDADE Nosso país foi agraciado pela natureza no que se refere a clima, qualidade de solo e extensão de áreas férteis. Sem nenhuma dúvida, sob esse aspecto fomos imensamente privilegiados. Não é por outro motivo que o mundo está de olho no Brasil, como o potencial “celeiro da humanidade”. Podemos produzir alimentos de forma abundante e com baixos custos para alimentar as populações de outros países e a nossa. Mas, quando se colocam contrapontos às nossas vantagens comparativas naturais, bem...aí a coisa fica feia. É o que está acontecendo! Os privilégios, com os quais fomos brindados pela natureza, ficam anulados na medida em que depreciamos a qualidade do nosso produto. É bom lembrar que o futuro promissor que vislumbramos para a atividade leiteira do nosso país está baseado na abertura do mercado internacional de lácteos para o Brasil. E sabemos também que esse mercado é extremamente exigente no que se refere à qualidade. Ao sermos condescendentes com fraudes e outras mazelas, estaremos comprometendo a nossa participação nesse mercado promissor e a valorização do nosso produto. É imperioso que empresários inescrupulosos sejam banidos da cadeia agroindustrial do leite.
Otaliz de Vargas Montardo é médico veterinário e instrutor do Senar – RS
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