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Scot Consultoria

Pesquisa X extensão rural


por Otaliz

Sexta-feira, 28 de setembro de 2007 - 17h16

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


"Incorporar a tecnologia já existente na rotina das pequenas propriedades rurais e gerar novas pesquisas que realmente atendam as verdadeiras demandas desse meio constitui-se hoje num enorme desafio”. Assim concluí meu artigo na última edição deste Boletim, prometendo voltar a este tema. PESQUISA X CAMPO Desde há muito tempo é notório o hiato existente entre a geração de tecnologias pelos órgãos de pesquisa e a transferência destas para o campo através das equipes de assistência técnica e extensão rural. Parece, ressalvando exceções, não haver identificação de propósitos ou afinidades entre essas instituições. De um lado, em alguns casos (ou seriam muitos?), a pesquisa é feita para justificar a existência do órgão pesquisador ou para dar titulação ao responsável pela pesquisa, sem nenhuma identificação com a real demanda tecnológica do campo. De outro, mesmo quando a pesquisa atende a essa demanda do campo, não é raro que a aplicação prática de seus resultados encontre resistência entre os extensionistas, que se sentem mais à vontade repetindo as velhas e conhecidas receitas técnicas. PECUÁRIA LEITEIRA DO SUL Mas a pecuária leiteira do Sul do país está diante de um cenário que se apresenta como uma nova oportunidade e, ao mesmo tempo, um grande desafio. A oportunidade está representada pela enorme ampliação do parque industrial de lácteos, que permite a projeção de uma acirrada disputa na compra do produto leite, e o desafio está na imperiosa necessidade das unidades produtoras se ajustarem às demandas de um mercado que será cada vez mais exigente em termos de escala e qualidade da produção. Aqui entram as questões da incorporação de tecnologia e da profissionalização dos produtores. Mas como fazê-las? Mas também neste aspecto estão soprando bons ventos por aqui. Pelo menos neste Estado (Rio Grande do Sul), é a primeira vez que órgãos oficiais de pesquisa juntam-se a uma instituição de extensão rural e assistência técnica, à universidades particulares e à consultores técnicos da iniciativa privada, para o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa inteiramente focados na real demanda do meio rural, particularmente na atividade leiteira. Não se trata de realizar pesquisas e apresentar os resultados para as equipes de extensão. Pelo contrário, todas as instituições envolvidas vão desenvolver em conjunto um amplo trabalho que vai desde a identificação dos pontos de estrangulamento da atividade leiteira nas pequenas propriedades de exploração familiar, identificar os diferentes tipos de produtores dentro dessa realidade, suas carências e potencialidades e, a partir desse diagnóstico, pesquisar sistemas de produção que se ajustem às características dessas unidades de produção. Estou me referindo ao “Projeto Pesquisa-Desenvolvimento em Pecuária Leiteira do Noroeste Colonial-Alto do Jacuí-RS. As entidades parceiras são: Embrapa Pecuária Sul, Embrapa Clima Temperado, UNIJUÍ e Cooperativas”. O Objetivo Geral do projeto é “contribuir para o fortalecimento da agricultura familiar, a partir da geração de conhecimentos em um processo de integração entre pesquisadores, extensionistas e agricultores, visando a promoção do desenvolvimento rural sustentável dos sistemas de produção de leite.” Não se trata de uma simples proposta, mas de uma iniciativa já em andamento. Apesar de tudo o que está acontecendo nas instâncias superiores da nossa República, fatos que nos deixam frustrados e inseguros quanto ao futuro do nosso país, iniciativas pequenas como esta, se multiplicadas por pessoas e instituições sérias e isentas de interesses menores, é que me fazem acreditar que o Brasil pode ter um futuro melhor.
Otaliz de Vargas Montardo é médico veterinário e instrutor do Senar – RS
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