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Perspectivas favoráveis para a pecuária leiteira gaúcha


por Otaliz

Segunda-feira, 30 de abril de 2007 - 17h04

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


Sob o título de “Boas notícias para o setor leiteiro” escrevemos nesta coluna, em maio de 2006, que duas grandes empresas de laticínios (Nestlé e CCGL), estariam implantando novas indústrias na região Noroeste do Rio Grande do Sul. Pois essas boas notícias não apenas se confirmaram como se ampliaram, na medida em que também a EMBARÉ estará implantando indústria nesta região. As duas primeiras empresas citadas já iniciaram as obras de construção de suas indústrias. Isto tem gerado um clima de expectativas positivas entre os produtores leiteiros e, em alguns casos, até com um certo grau de exagero de algumas pessoas, que acreditam que a maior competição na área de captação do leite implicará em crescimento substancial dos preços pagos aos produtores. É bom não alimentar essa ilusão. Em primeiro lugar é importante identificar as razões que motivaram essas empresas a investir neste Estado. É claro que não estou autorizado a falar em nome delas, portanto as afirmações a seguir são fruto de informações genéricas e de deduções particulares. A forte tendência de que as exportações brasileiras de lácteos venham a crescer de forma acentuada, particularmente para os países asiáticos e, possivelmente, também para a Comunidade Européia é, a meu juízo, o principal elemento motivador dessas indústrias. Mas, para avançarmos nesses promissores mercados, teremos que competir com países que já têm uma grande tradição no mercado internacional de lácteos, como é o caso de Austrália e da Nova Zelândia. Estes países se caracterizam por produzir leite basicamente a pasto, portanto com baixos custos de produção. Para competirmos em condições de igualdade, teremos também que produzir leite com custos reduzidos. Por aí se explica a escolha do Rio Grande do Sul para a implantação das indústrias citadas. Temos excelentes condições de clima e solo para a exploração pastoril ao longo de todo o ano, o que possibilita a produção de leite com pouca ou até mesmo sem a utilização de alimentos concentrados. Por outro lado, ao contrário do que vem acontecendo no Estado de São Paulo, onde a exploração leiteira vem cedendo enormes espaços para a cultura da cana, no Rio Grande do Sul se houver um incremento na exploração da cana, isto ocorrerá em áreas isoladas não causando impacto significativo na exploração leiteira. Certamente este fato deve ter sido considerado pelas empresas no momento de planejar novos investimentos. Mas, mesmo que a implantação de novas indústrias não venha elevar de forma acentuada os preços pagos aos produtores, ainda assim será extremamente benéfica à classe produtora, na medida em que tenderá a estabilizar esses preços, dar mais segurança a comercialização e propiciar o crescimento acentuado da exploração leiteira nas propriedades que já desenvolvem essa atividade, bem como a incorporação de novas propriedades rurais que terão na exploração leiteira mais uma alternativa para a necessária diversificação da produção. Mas, antes de encerrar este artigo é importante registrar que, produzir leite para disputar espaços no mercado internacional exige competência, responsabilidade, profissionalismo e eficiência, tanto por parte das indústrias quanto dos produtores. Neste cenário, não haverá espaço para amadorismos, sobreviverão apenas os produtores profissionalizados, que produzirem na escala e com a qualidade necessárias.
Otaliz de Vargas Montardo é médico veterinário e instrutor do Senar – RS
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