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Scot Consultoria

A formação do médico veterinário


por Otaliz

Sexta-feira, 2 de março de 2007 - 09h20

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


Identificar as falhas em qualquer processo ou sistema é o primeiro passo no sentido de encaminhar soluções ou propostas que visem aumentar a eficiência dos mesmos. Foi com este propósito que apontei em artigo anterior as deficiências nas faculdades que formam técnicos nas áreas de ciências rurais e, mais particularmente, nas faculdades de Medicina Veterinária. Não foi assim que entendeu um colega que me enviou uma mensagem indignada acusando-me de “denegrir” (sic) a nossa própria profissão e desafiando-me a apontar soluções viáveis para contornar os problemas apontados. Entendo equivocada essa interpretação, mas tudo bem, vamos atender ao desafio. COMO DEVERIAM SER OS CURSOS DE MEDICINA VETERINÁRIA? Os cursos de medicina veterinária deveriam estar profundamente integrados com o meio rural da região onde se localizam. É imprescindível uma interação consistente entre a faculdade e os produtores rurais, na medida em que, vivenciando a realidade desse ambiente, professores e alunos estariam convivendo com os problemas e dificuldades das empresas rurais. Isto serviria como um importante subsídio para reavaliar o programa do curso e ajustá-lo às verdadeiras demandas tecnológicas do campo. Se o objetivo dos cursos de graduação é formar técnicos solucionadores de problemas, desde cedo é importante definir o perfil do profissional a ser formado. A viabilização prática dessa integração poderá ser iniciada por um programa de treinamento de produtores através de cursos teórico/práticos ministrados por professores e alunos da faculdade no ambiente rural. Esses cursos deverão contemplar todas as áreas que constituem o processo produtivo de rebanhos (nutrição, manejo, reprodução, sanidade e melhoramento genético), bem como as áreas de administração e planejamento da empresa rural. Esse programa de treinamento seria extremamente útil para todos os agentes envolvidos – professores, alunos e os produtores rurais. Ao longo dos treinamentos seriam identificados e selecionados os produtores interessados em participar de um programa de assistência técnica integral implementado pela faculdade. Este programa seria elaborado sob rigoroso planejamento contemplando todas as áreas que foram objetos dos treinamentos. São inúmeras as vantagens desse programa de assistência técnica integral, entre elas é possível citar: - Para os produtores: incorporação de tecnologia na empresa rural e profissionalização da mão-de-obra. Com isto, certamente a empresa se tornará mais eficiente e competitiva. - Para os professores da faculdade: oportunidade de aplicar no campo os conteúdos teóricos ministrados em sala de aula e avaliar a eficiência das técnicas propostas. Some-se a isso, a vantagem de identificar na prática as reais demandas tecnológicas do campo e a identificação de questões ou problemas que justificam atenção da pesquisa científica. - Para os alunos: desde o início do curso de graduação estariam convivendo no meio rural, que no futuro será o seu ambiente de trabalho. Práticas nas áreas de clínica e cirurgia seriam desenvolvidas quase que exclusivamente no campo, e não dentro de sofisticados hospitais veterinários, verdadeiros “elefantes brancos” ociosos e antieconômicos que só existem dentro de faculdades. A maioria absoluta dos egressos dos cursos de veterinária, depois de formados, nunca mais volta a atuar dentro de hospitais. Por outro lado, os estudantes estariam aprendendo a trabalhar com rebanhos e não apenas com um ou outro animal isoladamente. Desta forma acumulariam importantes conhecimentos práticos nas áreas de nutrição, melhoramento genético, reprodução, monitoramento de rebanhos, profilaxia, controle de verminoses, planejamento, avaliação de desempenho técnico e econômico, etc. Penso que recebendo este tipo de formação, o médico veterinário ao iniciar sua vida profissional, já terá acumulado uma importante bagagem de conhecimentos práticos que serão de grande utilidade para o exercício da sua profissão.
Otaliz de Vargas Montardo é médico veterinário e instrutor do Senar – RS
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