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Scot Consultoria

A comunicação no meio rural - Parte II


Sexta-feira, 27 de outubro de 2006 - 20h14

É médico veterinário.


Encerrei o artigo da edição anterior deste informativo prometendo voltar ao tema sobre as TICs (Tecnologias da Informação e da Comunicação). De fato este modelo de comunicação entre as instituições e o público alvo representado pelos produtores rurais, baseado na computação e na Internet, que está sendo implantado e avaliado em três países da América do Sul, merece uma atenção especial na medida em que propõe uma profunda modificação no sistema de transferência de tecnologia e nos métodos de extensão rural atualmente em uso.


A verdade é que os atuais modelos de assistência técnica (A.T.) e de extensão rural, utilizados por instituições públicas e privadas, estão mostrando sinais evidentes de esgotamento.


Impasse


A assistência técnica presencial vem se constituindo num pesado custo para as empresas (cooperativas e outras agroindústrias) e a relação custo/benefício tem se mostrado bastante desfavorável. O fato é que um número crescente dessas empresas está buscando alternativas para se livrarem desse custo, seja terceirizando os serviços de A.T., repassando esses custos para os produtores ou ainda simplesmente eliminando seus quadros técnicos.


Recentemente uma das maiores empresas compradoras de leite no Rio Grande do Sul demitiu toda a sua equipe de A.T. Alega-se o seguinte: as empresas compradoras que disponibilizam A.T. a seus fornecedores, por terem um custo maior do que as empresas concorrentes que não aportam esse serviço acabam pagando um pouco menos pelo litro de leite. Por outro lado, os produtores que não vislumbram benefícios consistentes com a A.T. recebida, optam por comercializar a produção com aquelas empresas que pagam alguns centavos a mais.


E assim se estabelece um impasse muito perigoso para a atividade leiteira. De um lado temos o comércio internacional se abrindo para a produção brasileira, ampliando mercados e propiciando um acentuado crescimento da produção; temos ainda uma série enorme de vantagens comparativas naturais como clima, solo, extensão de terras e sol abundante que possibilitam a produção de leite com baixos custos. Mas de outro lado temos um enorme contingente de produtores despreparados, carentes de tecnologia e incapacitados para produção na escala e na qualidade exigidas.


Daí a necessidade imperiosa de buscar novos modelos de transferência de tecnologias, de menor custo, mas com maior amplitude de alcance, mais ágeis e com mais eficiência. É preciso repensar os métodos de A.T. e extensão rural, a fim de que possamos efetivamente profissionalizar o produtor leiteiro.


Tics x assistência técnica presencial


A transferência de tecnologia baseada na computação e na internet está apenas engatinhando, posto que ainda não saiu da fase de avaliação e, com certeza, encontrará obstáculos importantes como a resistência que os produtores mais idosos tem em relação à tecnologia digital.


Também é interessante ressaltar que as TICs não eliminarão completamente a assistência técnica presencial, mas permitirão um contato mais freqüente e mais estreito entre os órgãos de assistência técnica e o público alvo, independente da distância entre a empresa e as propriedades rurais, com uma sensível redução nas despesas de deslocamento de técnicos para atendimento individual.


Penso que será extremamente útil investir na reforma da educação no meio rural, incluindo treinamentos na área da computação, a fim de que os jovens e as próximas gerações de produtores sejam habilitados para um melhor desempenho de suas atividades, usufruindo as vantagens dos modernos sistemas de comunicações.



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