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Scot Consultoria

Boas notícias para o setor leiteiro


por Otaliz

Sexta-feira, 28 de abril de 2006 - 19h24

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


  • Para os agricultores do Sul do Brasil, o momento é de desencanto, frustração e pessimismo.
  • As inúmeras manifestações coletivas, como passeatas e bloqueio de estradas com máquinas agrícolas, estão a demonstrar o ambiente tenso em que se encontram os produtores de soja, milho, trigo e arroz. As dívidas crescentes, os baixos preços pagos pelos grãos e o assustador crescimento dos custos de produção, alavancados pelos insumos, máquinas agrícolas e o óleo diesel, estão acelerando de forma acentuada o processo de descapitalização do setor primário.
  • Enquanto isso, contrastando com a situação desfavorável enfrentada pelo setor agrícola, a atividade leiteira está navegando em águas calmas e promissoras. Já há alguns anos a produção leiteira vem se constituindo no mais importante sustentáculo das pequenas e médias propriedades rurais do noroeste do RS.
  • Até mesmo a forte estiagem, que assolou o Sul do Brasil no verão de 2005, acabou fortalecendo a importância da exploração leiteira como atividade econômica para esta região, cuja estrutura fundiária se caracteriza pelo predomínio absoluto das pequenas propriedades (a área média não ultrapassa os 20 ha).
  • Pois aquelas propriedades que integram lavoura x pecuária leiteira, se recuperaram em pouco tempo, finda a estiagem, e tiveram condições de minimizar os drásticos efeitos dessa crise climática. Já aquelas que exploram exclusivamente a agricultura continuam mergulhadas em profunda crise – à frustração da produção de soja do ano passado, veio somar-se a frustração dos preços na safra atual. Estou convencido de que deste limão amargo poderemos fazer uma boa limonada. Está mais do que na hora de avaliarmos o modelo agrícola desta região.
  • Mas voltemos à atividade leiteira! Os produtores desta região estão muito animados com a chegada da Nestlé. Esta empresa confirmou a implantação de uma grande indústria no município de Palmeira das Missões.
  • A expectativa é de que a planta industrial esteja em operação dentro de 5 ou 6 meses, com capacidade de absorver até 1 milhão de litros de leite por dia. Some-se a isto o fato de que a CCGL estaria ultimando projeto para implantação de uma grande planta industrial também nesta região. Somando-se a capacidade de captação de leite destas novas indústrias, juntamente com a das empresas já em operação, chegar-se-á a um total de 3 milhões de litros por dia. Hoje a produção diária da região é de, aproximadamente, 1,5 milhão de litros.
    OTIMISMO
  • O cenário é de otimismo e vários fatores estão a sinalizar um crescimento acentuado da produção leiteira na região, bem como a consolidação da atividade como o carro chefe da economia no setor primário. Vejamos alguns desses fatores: - A implantação de novas unidades industriais atesta o reconhecimento do potencial produtivo da região. Por outro lado, sob o ponto de vista dos produtores, a chegada de mais indústrias aumentará a concorrência no mercado comprador do leite, o que dará mais estabilidade ao preço recebido pelos produtores. - A atividade leiteira se ajusta muito bem às pequenas propriedades agrícolas na medida em que potencializa a utilização de máquinas e implementos agrícolas que trabalham poucas horas por ano, em função do reduzido tamanho das lavouras. E, o que é mais importante, ocupa com maior intensidade o fator de produção mais abundante na região: a mão-de-obra familiar. - As repetidas frustrações de safras e os preços contigenciados dos grãos estão a indicar uma redução das áreas destinadas às lavouras. Já para o próximo plantio de inverno, constata-se uma redução de 30% da área tradicionalmente utilizada para a lavoura de trigo. Isto sinaliza um crescimento das áreas de pastagens.
  • Considere-se ainda que a bacia leiteira desta região, que foi criada por um grupo de 12 cooperativas, tem uma experiência acumulada de 37 anos. Junte-se a isto o fato de que o solo, o clima e a estrutura fundiária são muito favoráveis à atividade leiteira e entenderemos porque as grandes empresas estão de olho nesta região. Bom para todos os envolvidos.
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