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Scot Consultoria

Valor econômico: ganho de peso e margem de comercialização


Terça-feira, 14 de abril de 2009 - 09h18

Zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.


por Ivan B. Formigoni A princípio, parece desnecessário dizer que o sucesso da atividade vem da soma dos esforços em todas as áreas que compõem o negócio e que essas áreas estão relacionadas entre si. Mais que relacionadas, muitas delas são dependentes para o objetivo final, medido pelo lucro. A expressão “a força de uma corrente é medida pela força do seu elo mais fraco” pode ser aplicada aqui para ilustrar o fato que de pouco adianta ser muito bom em uma área específica e alcançar índices expressivos nela se em outras áreas a eficiência é baixa. Em resumo, uma propriedade que pratica seleção do rebanho comercial com foco no aumento de produtividade deve apresentar, também, manejo reprodutivo, sanitário e uma nutrição compatíveis ao nível de exigência que este rebanho demanda. Em outras palavras, para que um rebanho expresse seu potencial genético, ele deve estar em condições ambientais favoráveis, sendo produzido, por exemplo, em uma pastagem de qualidade e em quantidade para que os animais ganhem o peso esperado. Ou seja, deve-se fornecer condições para que o investimento no melhoramento genético seja convertido em maior produtividade e, conseqüentemente, maior lucro. Do mesmo modo, é esperado que uma pastagem bem formada e de qualidade seja aproveitada por um rebanho com bom potencial produtivo e que otimize o retorno dos investimentos no cultivo da pastagem. Deve-se otimizar as áreas que compõem o sistema produtivo e lembrar que todas elas devem ser avaliadas tanto do ponto de vista técnico como econômico. A avaliação técnica é certamente mais comum e rotineira. O produtor está acostumado e geralmente faz muito bem a análise técnica da propriedade. Contudo, ainda são poucos que praticam a análise econômica mais criteriosa das técnicas ou áreas que compõem o sistema produtivo. Do ponto de vista econômico, já muito discutimos a relação de lucro e algumas características de seleção, como ganho de peso e fertilidade. Mas, é importante observar que as decisões de seleção têm impacto em outros indicadores relevantes para a rentabilidade da atividade, como por exemplo, a taxa de ocupação, custo da arroba produzida e margem de comercialização. A taxa de ocupação é um bom exemplo por ser um indicador complexo que inclui o resultado de vários outros indicadores. Em rebanhos estabilizados e que dependem da recomposição (reposição) interna do rebanho, o indicador de taxa de ocupação inclui taxa de fertilidade, mortalidade e peso, além dos indicadores técnicos de disponibilidade e qualidade de forragem. Vale a pena lembrar também que precisamos ir além da análise pura das áreas agrícola e zootécnica que norteiam os indicadores técnicos de produtividade. Estamos mencionando da importância da gestão de custos e da análise de mercado como demais componentes para a análise de viabilidade do empreendimento. A importância da gestão dos custos é inquestionável, enquanto a análise do mercado envolve não apenas a busca de melhores preços no curto prazo, mas, a orientação estratégica das áreas e segmentos do mercado a serem explorados no longo prazo. Em outras palavras, podemos ter indicadores produtivos excelentes, mas, a custos que inviabilizem o empreendimento ou, do mesmo modo, podemos ser produtivos e estar explorando um segmento de mercado menos rentável ou com poucas perspectivas futuras, o que inviabilizaria o investimento presente. Mas, por simplicidade, vamos associar neste artigo o ganho de peso com o custo médio de produção e a margem de comercialização para animais de abate. Por fim, consideremos um exemplo onde o custo médio mensal unitário de produção está em R$25,00, o que indica um custo anual por animal de R$300,00. Para este exemplo, consideremos o preço médio de venda (macho e fêmea para abate) de R$81,50/@ (média em SP no ano de 2008). Com isso, podemos avaliar o custo médio da arroba produzida e da respectiva margem de comercialização conforme a estimativa do ganho de peso médio anual por animal (Tabela 1), ainda que os custos de produção não sejam constantes conforme o indicador de produtividade esperado. O exemplo abaixo serve apenas como exemplo empírico da relação de produtividade com o custo, mesmo que a relação entre elas não seja linear. Os valores acima ilustram a margem esperada do ganho por arroba produzida, seja na venda como valorização do estoque. Ou seja, conforme o cenário de custos e receitas aplicado, o saldo seria positivo se o rebanho engordasse, em média, a partir de 4@ ao ano. Embora a matemática que resulta em lucro do sistema deva englobar outros fatores, a margem de comercialização é um indicador relevante para avaliar produtividade, custo e viabilidade da atividade.
Ivan B. Formigoni é zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.
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