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Scot Consultoria

Período de retorno do investimento com a matriz


Quarta-feira, 11 de março de 2009 - 15h00

Zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.


por Ivan B. Formigoni Muito se discute a respeito do tempo que uma matriz deve permanecer no rebanho, produtiva, para saldar seus custos e retornar em lucro. Isso tem implicação direta na taxa de descarte e em aspectos técnicos e econômicos do empreendimento. Envolve aspectos técnicos porque a taxa de descarte está diretamente relacionada ao tempo de vida útil de uma matriz no rebanho e, por conseqüência, na taxa de renovação genética do plantel. Os aspectos econômicos se relacionam à sustentabilidade do negócio, uma vez não ser razoável descartar matrizes com prejuízo. Essa matemática de cálculo para período de retorno da matriz pode parecer simples, mas envolve fatores de preços de mercado e custos de produção, principalmente de eficiência reprodutiva. A figura e a tabela abaixo visam associar a produtividade e custos com o período de retorno de uma matriz, considerando os custos médios de um rebanho de cria extensivo simulado. Desse modo, associamos o intervalo de parto com a expectativa de lucro de uma matriz, considerando uma taxa média de descarte de 20% ao ano (5 anos de vida reprodutiva). O cenário de custos e receitas aplicados (atuais) sugere que o intervalo médio de parto acima de 17 meses implica em prejuízo, o que equivale a dizer que, na média, para ser lucrativa, uma matriz deve produzir mais de 3,5 crias durante uma vida reprodutiva de 5 anos. Os dados abaixo indicam que uma matriz produzindo consecutivamente (sem falhas reprodutivas) durante 5 anos, retorna cerca de R$400,0 de saldo bruto ao investidor. Produzindo 3,3 crias (em média) ou menos, resulta em prejuízo. É preciso ressaltar, contudo, que no exemplo acima estimamos os níveis de produtividade que uma matriz deveria apresentar partindo do suposto que ela permanece 5 anos no rebanho, ou seja, aplicando uma taxa de descarte de 20%. Dependendo do custo da novilha de reposição e do valor de venda (descarte) da matriz no mercado, veremos que existem outras estratégias que podem ser mais interessantes em termos econômicos e técnicos que podem garantir melhores resultados à atividade. Veremos esta análise no quadro abaixo. É correto afirmar que se descartam as matrizes que não emprenharam na estação de monta. Não devemos manter as matrizes inférteis no rebanho. Mas a decisão de descarte vai além do caráter exclusivamente técnico. Devemos introduzir o conceito econômico na relação de descarte de matrizes. Analisar o descarte do ponto de vista econômico envolve considerar a viabilidade ou o saldo que relaciona a venda da matriz para o descarte e o custo total de produção da novilha de reposição (ou de sua compra no mercado). Embora o mercado seja dinâmico e as relações de custos e preços oscilem de modo intenso, as circunstâncias de produção nacional favorecem a estratégia do descarte econômico, uma vez que o custo de formação da novilha de reposição até sua idade reprodutiva é geralmente menor que o valor obtido com a venda da matriz de descarte. Essa relação, na maioria das vezes, reflete em saldo positivo no caixa do sistema produtivo, além de incorporar um ganho genético não mensurado economicamente neste artigo (diminuindo o intervalo de geração e potencializando a qualidade do rebanho desde que haja um trabalho de seleção). Desse modo, em rebanhos estáveis (sem expectativa de crescimento), o aumento da taxa de descarte pode ser uma alternativa econômica e técnica, visando otimizar receitas e aumentar a velocidade de incorporação de material genético selecionado no rebanho. Decerto que os impactos do descarte devem ser avaliados para cada situação específica.
Ivan B. Formigoni é zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.
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