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Scot Consultoria

O mercado de seleção no país: gado comercial


Segunda-feira, 15 de dezembro de 2008 - 11h40

Zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.


por Ivan B. Formigoni O comércio de touros e matrizes é um mercado com bom potencial no Brasil, correto? Ao menos sabemos, avaliando os dados do quantitativo de fêmeas no rebanho nacional, que a demanda anual de touros de reposição é alta. Mesmo que a quantidade de matrizes seja aproximada (dependendo da fonte), com números que oscilam para baixo ou para cima, temos a convicção que a demanda é muito maior que a oferta de reprodutores geneticamente avaliados. Claro, nesse caso, estamos considerando que boa parte dos pecuaristas faz uso de touros em regime de monta natural o que, de fato, é uma realidade. O importante é não esquecermos que a inseminação artificial, se aplicada em larga escala, permitiria uma mais abrangente disseminação de genética superior nos rebanhos Brasil afora. Como exemplo, se um reprodutor à campo deixa em média 100-150 descendentes em sua vida útil, pode deixar centenas de milhares quando sua genética é comercializada em doses de sêmen. Mas qual o tamanho do mercado de reprodutores no Brasil? Considerando a premissa que o efetivo de bovinos no Brasil seja de 180 milhões de animais e que deste total, 40% são matrizes em idade reprodutiva, extrapolaríamos para algo em torno de 72 milhões de matrizes a serem cobertas ou inseminadas anualmente. Se pensarmos no uso apenas de machos em estação de monta (desconsiderando para efeito de simplicidade de cálculo, o uso da inseminação artificial) e estabelecendo uma relação de número de matrizes por reprodutor de 1:30, a demanda de touros em serviço a cada ano seria de cerca de 2,3 milhões. Mesmo que os valores sejam aproximados, a pecuária brasileira necessita de cerca de 2 milhões de reprodutores em estação de monta anualmente. Dados que impressionam e reforçam a importância da atividade e dos programas de melhoramento genético animal. Essa quantia de machos em reprodução implica na necessidade de reposição anual de aproximadamente 460 mil animais (considerando uma taxa de reposição de 20% ano, ou seja, uma vida útil média por reprodutor de 5 anos). Ou seja, seria necessário disponibilizar ao mercado entre 400 e 500 mil animais avaliados anualmente. Esses números talvez possam ilustrar a dimensão do mercado de touros nacional e, em sintonia com essa realidade, os centros de pesquisas e as empresas privadas têm investido cada vez mais e disponibilizado atenção ao mercado de genética animal. O fato é que a oferta de 400 mil ou até mais touros selecionados anualmente é algo que está muito acima da capacidade atual dos programas de seleção nacional. Com isso, muito se utiliza o chamado touro “ponta-de-boiada”, sem avaliação genética ou qualquer tipo de controle que possa garantir progresso produtivo do rebanho. Mas, talvez mais importante que discutir o tamanho do mercado de touros no Brasil é avaliarmos o potencial de ganho em produtividade para a pecuária a partir da popularização do uso de animais geneticamente superiores. Podemos pensar: se conseguíssemos aumentar a média de peso ao abate nacional em 1kg por animal adotando a seleção do rebanho, quanto isso representaria no aumento de produção absoluto de carne? Isso sem questionar o aumento da fertilidade, rendimento de carcaça, velocidade de terminação que podem ser alcançados a partir da seleção do rebanho. Pensando apenas em peso final de venda, os impactos já seriam bastante significativos.
Ivan B. Formigoni é zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.
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