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Scot Consultoria

Descarte de fêmeas como estratégia de seleção


Quinta-feira, 11 de setembro de 2008 - 09h37

Zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.


Vaca boa é aquela que fornece uma cria ao ano, regularmente. Mas podemos dizer mais. Além de produzir uma cria saudável e no padrão exigido pelo mercado, vaca boa é aquela que fornece uma cria ao ano, regularmente, até que pague seus custos e investimento. Nesse caso, temos dois pontos a avaliar: o ponto de vista econômico e o ponto de vista do melhoramento genético animal. Do ponto de vista econômico, uma vaca pode parir regularmente, mas, dependendo das condições de custos de produção, dos preços praticados no mercado, idade à primeira cria e, principalmente, do investimento na fêmea, esta pode começar a retornar lucro para o sistema produtivo em 4, 5, 6 anos ou mais de produção (tabela 1). Do ponto de vista de seleção, quanto mais tempo uma matriz permanecer no rebanho, menor é a taxa de renovação do plantel e, por conseqüência, mais lento é o progresso genético médio do rebanho. Veja que de acordo com diferentes cenários de produção (tabela 1), uma matriz pode retornar o investimento após 2 ou 4 crias, ou com 4 a 7 anos de idade. Decerto que os cenários são apenas ilustrativos, mas servem para apresentar a importância das variáveis de custo e de produtividade que determinam o retorno do investimento em uma matriz. Talvez o mais difícil, na prática, seja conciliar o aspecto econômico com os indicadores de produtividade (os quais são passíveis de seleção). Tecnicamente, podemos pensar em descartar um animal que ainda não retornou em lucro visando renovar o plantel de matrizes mais rapidamente, diminuindo o intervalo de gerações e, por conseqüência, aumentando o progresso genético e os ganhos de produtividade. Por outro lado, descartar uma matriz que ainda não retornou em lucro é sustentar uma decisão não lucrativa que pode ser pontual ou comum à rotina da propriedade. Cabe aí uma decisão importante: avaliar os custos da atividade e bem definir os critérios de descarte das matrizes. Trabalhar com um sistema produtivo eficiente em termos econômicos pode garantir mais fôlego ou tranqüilidade para o criador durante as decisões de descarte, enquanto este tende a proporcionar melhores índices de produtividade e, por conseqüência, menores custos de produção. Um dos critérios mais recomendados para os rebanhos comerciais é o de descartar as vacas que não emprenharam na estação de monta, com exceção das novilhas com apenas uma cria. Nesse caso, o criador se desfaz de um animal que iria lhe proporcionar despesas por praticamente 2 anos sem que tenha produção (cria). Assim, mesmo que a relação de troca da matriz de descarte e a novilha de reposição estejam baixas, é esperado que a produtividade desta nova matriz contribua para o progresso genético e de produtividade do rebanho. Com isso, o trabalho de seleção e a escolha das fêmeas que irão compor o plantel de matrizes nas fazendas de cria é uma das atividades mais importantes do negócio.
Ivan B. Formigoni é zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.
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