Escores de conformação corporal: complemento à seleção de peso

Os rebanhos, de maneira geral, são representados por indivíduos não uniformes. É certo que “grau de desuniformidade” de um rebanho varia conforme as condições de manejo e seleção de cada propriedade. Contudo, principalmente nas situações em que a heterogeneidade predomina, as comparações por meio de pesagens não são completas. Não são completas? Na prática, um animal mais alto (pernalta) e magro pode pesar o mesmo que um animal menor (mais baixo) e com maior teor de músculo e gordura na carcaça (proporcionalmente). Vamos considerar um exemplo de dois animais da mesma raça, sexo, idade, condição de produção e peso, ambos com 190kg à desmama. No papel (teoria), os dados desses dois animais podem nos induzir a pensar que sejam animais semelhantes, certo? Pois é, esta conclusão pode ser precipitada e completamente errada. Tais animais, embora apresentem os mesmos dados de desempenho (peso), podem apresentar características físicas, como altura de garupa, conformação de carcaça, profundidade de costela etc. que indiquem uma enorme diferença entre eles. Diferenças estas que podem representar velocidade de terminação, acabamento de carcaça e, por conseqüência, de retorno econômico bastante divergente. O exemplo refere-se a dois animais com características físicas distintas. Agora, imagine as diferenças em termos de resultado da empresa extrapolando esse raciocínio para grandes lotes de animais. A partir disso, utiliza-se a avaliação do escore de conformação corporal que é um método rápido, barato e relativamente simples de avaliar. Vale destacar ainda que existe uma diferença conceitual entre a análise da conformação e da condição corporal dos animais. CONDIÇÃO CORPORAL A avaliação da condição corporal é de extrema importância para auxiliar os produtores nas decisões de manejo, uma vez que influencia, por exemplo, a taxa de re-concepção, produção de leite das matrizes e afeta, conseqüentemente, o intervalo de partos e o peso ao desmame dos bezerros. Apesar da conformação e condição corporal serem influenciadas por fatores ambientais, a condição corporal está mais relacionada à nutrição e manejo, enquanto a conformação à seleção. Do ponto de vista produtivo, a condição corporal é de suma importância, pois afeta principalmente a reprodução (primeiro item afetado por animais de condição corporal inadequada). Para identificar propriamente as necessidades nutricionais dos animais, o ideal seria avaliar a condição corporal o mais freqüentemente possível. Contudo, em três oportunidades ao ano recomenda-se a avaliação das matrizes: na fase de desmama, 90 dias pré-nascimento e na estação reprodutiva. A avaliação da condição corporal à desmama é útil para determinar as vacas e novilhas que podem requerer trato extra antes da estação de nascimento. O período da desmama ao parto tem-se mostrado e pode ser considerado o mais fácil e econômico para melhorar a condição corporal dos animais. Por outro lado, o período de serviço (do parto à estação reprodutiva) é a fase mais crítica para alterar a condição corporal, ou seja, fêmeas ao parto com baixa condição corporal têm mais chance de não emprenharem ou apresentarem maior intervalo de parto. CONFORMAÇÃO CORPORAL Com relação à conformação corporal, estudos e trabalhos de campo já incorporaram a análise de 3 características principais, conhecidos por C (conformação), P (precocidade) e M (musculosidade). Alguns programas de seleção ainda incluem a característica de umbigo (prepúcio). Estas três características são importantes para a obtenção de animais com maior precocidade de terminação e maior qualidade e rendimento de carcaça. Em geral, podemos definir C, P e M como: Conformação: avalia a quantidade de carne na carcaça; Precocidade: avalia a capacidade de o animal chegar a um grau de acabamento mínimo de carcaça. Animais com maior profundidade de costelas, maior caixa torácica e em início de deposição de gordura subcutânea, principalmente na base da cauda; Musculatura: relacionada ao desenvolvimento da massa muscular como um todo, observada principalmente no traseiro.

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Ivan B. Formigoni é zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.
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