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Scot Consultoria

Endogamia: efeitos prós e contras que devem ser bem trabalhados


Sexta-feira, 18 de abril de 2008 - 13h01

Zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.


Apesar de apresentado há alguns anos neste espaço, a endogamia permanece como assunto relevante e motivador de produtivas discussões relacionadas ao melhoramento genético e a produção de bovinos de corte. Hoje os produtores parecem estar mais atentos aos efeitos da endogamia, principalmente devido à disseminação dos programas de seleção e das técnicas reprodutivas (com destaque a inseminação artificial que, permite o uso em larga escala do material genético de um reprodutor). O fato é que o uso do material genético oriundos de alguns poucos animais, destaque dos programas de seleção e exposições de raça, tende a gerar maior grau de relacionamento (parentesco) entre a população dos rebanhos. Para ilustrar esse fato, citamos um trabalho de pesquisa que concluiu ser o tamanho efetivo da raça Nelore no Brasil de 68 animais e que, de 1994 a 1998 apenas 10 touros foram pais de mais de 19% dos animais nascidos da raça. Desses números podemos ter uma idéia de quão relacionados são os animais da raça Nelore, por exemplo. A endogamia A endogamia, também conhecida popularmente por consangüinidade, é o resultado do acasalamento entre indivíduos mais aparentados entre si que a média de uma população. E o que esse aumento do grau de parentesco entre os animais trás como conseqüência prática? A endogamia é capaz de alterar a constituição genética de uma população através do aumento da homozigose e, conseqüentemente, da diminuição da heterozigose. O importante é lembrar que os genes recessivos associados a enfermidades se manifestam em homozigose. Portanto, a endogamia não “cria” doenças genéticas no rebanho. Contudo, a maior homozigose permite ou aumenta a chance de doenças que se manifestam em homozigose serem observadas com maior freqüência. De fato, a conseqüência mais evidente e talvez a mais relevante da endogamia seja a redução do valor fenotípico médio dos animais. O fenômeno é conhecido como depressão pela endogamia e, de modo geral, os efeitos depressivos da endogamia são caracterizados pela redução da fertilidade, sobrevivência e do vigor dos animais. Embora esteja associada a aspectos negativos de desempenho dos animais, a endogamia também tem sido usada por criadores, principalmente com o objetivo de proporcionar maior uniformidade racial e, não menos, fixar certas características cujos resultados apresentam maior valor no mercado. Os usos da endogamia A maioria dos criadores de animais domésticos sabe que, quando algumas características desejáveis de uma determinada linhagem ou família devem ser fixadas, a endogamia é altamente desejável e benéfica. De fato, a endogamia sempre foi utilizada para a formação de raças especializadas de diversos animais, principalmente na indústria de aves e suínos. Contudo, não se pode esquecer que o uso da endogamia é acompanhado da seleção dos animais e não menos, monitorado por profissionais da área. Ou seja, os acasalamentos endogâmicos são realizados com uso de reprodutores geneticamente superiores, com uso das ferramentas de seleção e, com objetivos bem definidos. Entretanto, quando as características indesejáveis de uma determinada linhagem devem ser eliminadas, então os acasalamentos endogâmicos devem ser evitados. Isso advém do fato que a endogamia, quando não controlada, está associada a efeitos negativos no desempenho dos animais para as características de interesse econômico. Perdas associadas ao aumento da taxa de endogamia, como depressões do peso, fertilidade entre outras características, têm sido descritas na bovinocultura de corte.
Ivan B. Formigoni é zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.
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