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Scot Consultoria

Correção do solo através da calagem


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Sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009 - 08h04


Os solos sob pastagens no Brasil são predominantemente os Ultissolos e os Oxissolos, os quais apresentam sérias limitações do ponto de vista de fertilidade. De maneira geral, nesses solos, observa-se que os teores de bases trocáveis, como Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Potássio (K) e os de Fósforo (P) são baixos. Já os de Alumínio (Al) trocável e de Manganês (Mn) disponível são elevados, condições estas que limitam sobremaneira o estabelecimento e manutenção das pastagens. Nesse sentido, nas condições tropicais, cuidados especiais com a correção da fertilidade do solo, mediante o fornecimento de Ca e de Mg, bem como da manutenção dos níveis de P e K, constituem-se em recomendações usuais para otimização dos níveis de produção animal em sistemas baseados na utilização das pastagens. CALAGEM A prática de calagem, além de fornecer Ca e Mg, eleva o pH do solo e, como consequência, aumenta a disponibilidade de P e de Molibdênio (Mo) e reduz o Al, o Mn e o Ferro (Fe), os quais em excesso tornam-se tóxicos para as plantas e para o rizóbio, especificamente no caso das leguminosas. Além disso, exerce função fundamental sobre os processos de decomposição e mineralização da matéria orgânica, essenciais para a elevação da CTC (Capacidade de Troca Catiônica) e para a melhoria das propriedades físicas e químicas do solo. Por outro lado, o excesso de calagem induz à imobilização de certos micronutrientes (Zinco, Boro e Cobre), podendo causar suas deficiências, principalmente em condições de intensificação da produção. Atualmente, o critério mais utilizado para a correção do solo é aquele baseado na elevação da saturação por bases (V%). Dessa forma, as pastagens são classificadas em três grupos, em ordem crescente da exigência em fertilidade do solo, como demonstrado pela Tabela 1 (página seguinte). A quantidade de calcário a ser aplicada, para elevar a saturação por bases do solo de um valor atual (V1) para um maior valor (V2) é calculada pela seguinte expressão: NC = CTC x (V2 – V1) 10 x PRNT Onde, NC é a necessidade de calagem, em t/ha, CTC é a capacidade de troca de cátions do solo, expressa em mmolc/dm3 e PRNT refere-se ao Poder Relativo de Neutralização Total, que é a reatividade do calcário (grau de finura). De maneira geral, a proporção de cátions na CTC do solo deve situar-se dentro das seguintes amplitudes: 65-85% de Ca+2 ; 6-12% de Mg+2 ; 2-5% K+ e 20% de H+. É comum a ocorrência de solos com desequilíbrios entre as bases trocáveis, particularmente entre o Ca+2 e o Mg+2. Nessas condições, a escolha do tipo de calcário é fundamental, pois é a maneira mais adequada para corrigir esse problema. Em solos com proporção muita alta de cálcio em relação ao magnésio, pode-se utilizar calcários com maior concentração de magnésio, como o dolomítico ou magnesiano. Em situações, onde os teores de magnésio são mais elevados do que os de cálcio, pode-se aplicar o calcário calcítico para corrigir tal desequilíbrio. É importante ressaltar que a utilização de calcário do “tipo” e dose inadequados poderá provocar efeitos negativos para a pastagem. Em pastagens estabelecidas, onde não há possibilidade de incorporação do corretivo no solo, a aplicação deve ser feita a lanço, na superfície. Nessas circunstâncias, o calcário deverá ser aplicado, preferencialmente, no final do período das águas, época do ano em que ainda existe umidade disponível no solo. O calcário a ser aplicado deverá ter granulometria da mais fina possível, característica que confere alta reatividade (PRNT) ao corretivo, a fim de que seu efeito possa ser rápido e efetivo. A aplicação de calcário no final do período das águas (abril/maio) se deve ao fato de que, quando o corretivo é aplicado em superfície, o pH nessa camada do solo torna-se bastante elevado, sendo desfavorável ao uso de certos fertilizantes, principalmente os nitrogenados, os quais são normalmente aplicados durante a época de maior disponibilidade dos fatores de crescimento para as plantas, como água, temperatura e luminosidade. O pH elevado na superfície do solo faz com que boa parte do nitrogênio aplicado seja perdido por volatilização, reduzindo drasticamente a eficiência e a economicidade da adubação nitrogenada. Assim sendo, aplicando-se o corretivo no final do período das águas, época em que normalmente não se aduba as pastagens, devido à ausência de um ou mais fatores de crescimento, haverá tempo suficiente para que o mesmo complete a sua reação no solo, tornando possível a aplicação de fertilizantes no início da estação das águas (outubro/novembro), sem que ocorram perdas elevadas. Por fim, fica evidente que a correção da acidez do solo, através da calagem, é uma prática cada vez mais constante nos sistemas pastoris, uma vez que a manutenção e perpetuação das espécies forrageiras devem ser focadas visando a sustentabilidade das pastagens. No entanto, é importante considerar que a prática de calagem deve ser baseada nos resultados das análises químicas do solo, devendo a mesma ser realizada previamente sob orientação de um especialista em solos.
rogério m. coan é zootecnista - doutor em produção animal - diretor da coan consultoria e coordenador da divisão técnica da scot consultoria
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