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Scot Consultoria

O enxofre na nutrição mineral de plantas


Segunda-feira, 21 de julho de 2008 - 10h42

Engenheira Agrônoma e Doutora pela ESALQ-USP, Coordenadora de Projetos Boviplan Consultoria.


No Brasil a área ocupada por plantas forrageiras representa 75% da área agrícola nacional (cerca de 180 milhões de ha, sendo que destes 105 milhões correspondem a pastagens cultivadas), existindo variações desta proporção entre os Estados. Na exploração pecuária brasileira utiliza-se a pastagem como principal forma de alimentação dos animais. Cerca de 90% da carne bovina consumida no Brasil e a maior parte dos 20 bilhões de litros de leite produzidos todos os anos no país são oriundos de animais que foram criados a pasto. Devido a essa notória importância das pastagens para a alimentação animal no Brasil, torna-se necessária uma atenção extra no que diz respeito à nutrição mineral das plantas, uma vez que a quantidade de matéria seca (MS) produzida é vinculada ao balanço entre perdas e ganhos de minerais no ecossistema da pastagem. Assim, a reposição de nutrientes no sistema é essencial na manutenção e incremento da produtividade da pastagem. Dentre os muitos elementos minerais essenciais às plantas, destacam-se o nitrogênio (N) e o enxofre (S). Entre 70% e 80% dos solos brasileiros são deficientes em S e essa constatação, aliada ao aumento no uso de adubos concentrados que não possuem enxofre em sua composição (dentre outros, uréia e superfosfato triplo), leva à necessidade de se conhecer melhor esse nutriente. O enxofre tem extrema importância no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas em ruminantes. Além disso, está presente nas proteínas, vitaminas e polissacarídeos sulfatados das plantas, estando ligado, ainda, à coagulação sangüínea, funções endócrinas e ao balanço ácido/base de fluídos intra e extracelulares. Apesar disso, a sua aplicação em pastagens é pouco discutida. Levando-se em conta o ecossistema das pastagens, as principais formas de adição de S são o solo, os resíduos vegetais e animais, a atmosfera e os fertilizantes. O sulfato da solução do solo, por exemplo, é reduzido pelos vegetais até ser incorporado em aminoácidos, fazendo parte da composição da cisteína, metionina, cistina e de uma série de outros compostos importantes para os vegetais, como o tripeptídeo glutadião, coenzima A, ferrodoxina, vitaminas (biotina e tiamina), glucosídeos e compostos voláteis na planta. Estima-se que algo em torno de 2% do S dos solos é mineralizado anualmente, sendo esse processo dependente das proporções relativas de carbono e nitrogênio. Sob condições favoráveis, a relação C:N:S é aproximadamente 130:10:1,3. Normalmente o baixo teor de S disponível no solo (até 4 mg/dm3) é indicativo da necessidade de adubação, sendo que a deficiência do mineral é notada nas folhas mais jovens que apresentam clorose. Usualmente o enxofre é fornecido na forma de sais e óxidos (bórax, ulexita, sulfato de cobre, sulfato de zinco e molibdato de sódio ou amônio) que são misturados aos adubos fornecedores de macronutrientes incorporados no superfosfato ou em formulações N,P,K. No comércio pode-se encontrar sob a forma de pó, granulado, mistura de grânulos, farelo ou liquido. Monteiro et al. (2004) demonstraram que, à medida que se aumenta a dose de nitrogênio, é necessário aumentar a dose de enxofre para se obter concentrações adequadas deste nutriente na planta. Recomendações precisas de doses de enxofre em pastagens são dificultadas pelo fato do S do solo encontrar-se ligado à matéria orgânica do solo. De maneira geral, os trabalhos e artigos científicos publicados indicam que as pastagens tropicais devem receber de 20 a 60 kg de S ha–1 anualmente, havendo necessidade de parcelamento toda vez que empregar mais de 30 kg ha–1. Alguns pesquisadores sugerem a relação N:S como critério na determinação da dose de S na adubação, a qual fornece uma avaliação do estado nutricional da planta forrageira. De modo geral, em capins tropicais, uma relação N:S de 11 a 12:1 permite elevadas produtividades; no entanto, relações superiores a 20:1 sinalizam deficiência de enxofre no tecido vegetal. A produção de MS desejada e o teor de S no tecido vegetal também podem ser utilizados como base para a recomendação da adubação com enxofre. Desta forma, para uma produtividade de 20 t MS ha–1, com teor de enxofre médio de 0,17% na MS, seriam necessários 34 Kg de S ha–1 ano–1. Em situações em que o sulfato de amônio (21% N e 24% S) é utilizado como fonte nitrogenada, essa quantidade de enxofre é fornecida com facilidade. O superfosfato simples (20% P2O5 e 12% S) e o gesso (15 a 16% S) são outras formas comumente empregadas para o fornecimento de enxofre. A adubação com enxofre torna-se fundamental pela relação com a produtividade da pastagem, valor nutritivo e digestibilidade da planta e, conseqüentemente, o desempenho do animal.
Daniele Balestrin
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