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Cana-de-açúcar corrigida com uréia e sulfato de amônio na alimentação de vacas em produção


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Sexta-feira, 30 de abril de 2010 - 09h13


Um dos principais limitantes dos sistemas de produção de leite no Brasil é a estacionalidade de crescimento das forrageiras tropicais, que se caracterizam por apresentar elevada produção de matéria seca durante a estação chuvosa e quente do ano, reduzindo na estação fria e seca. Este fato limita o desempenho individual das vacas e a produção por unidade de área e, consequentemente, a rentabilidade do produtor de leite. Uma das alternativas para minimizar esse problema refere-se à utilização da cana-de-açúcar, que consiste em recurso forrageiro largamente empregado na alimentação dos rebanhos leiteiros no Brasil Central, durante a estação fria e seca do ano. A CANA-DE-AÇÚCAR NA ALIMENTAÇÃO DO REBANHO A cana-de-açúcar é uma forrageira com elevada capacidade de produção de matéria seca e com elevada concentração de carboidratos de rápida degradabilidade ruminal. No entanto, sabe-se que para otimizarmos a produtividade de animais alimentados com dietas à base de cana-de-açúcar deverá ser estabelecida uma digestão ruminal estável, visando otimizar a eficiência do crescimento microbiano e maximizar a digestibilidade da fibra. Entre os fatores mais importantes que influem no crescimento microbiano com dietas à base de cana-de-açúcar, a necessidade de nutrientes essenciais para os microrganismos ruminais (nitrogênio amoniacal, enxofre, ácidos graxos de cadeia ramificada, aminoácidos e peptídeos) merece destaque especial. Dentro deste contexto, a maior limitação dessa forrageira ocorre no ponto de vista nutricional, principalmente pelo reduzido consumo de matéria seca dos animais devido aos baixos teores de proteína, elementos minerais (mais limitante o fósforo), outros compostos nitrogenados e à baixa digestibilidade dos componentes da parede celular. Estas limitações inviabilizam o uso da cana-de-açúcar para a alimentação de ruminantes como alimento exclusivo, sem as devidas correções de suas carências nutricionais, principalmente o teor de proteína, conforme a categoria e o nível de produção animal. Para formulação de dietas baseadas em cana-de-açúcar para bovinos leiteiros, deve-se estar atento à grande variação nos valores nutricionais das cultivares da forrageira quando se espera resultado em produção de leite. Veja a tabela 1. Embora seja consolidada a correção de uso com nitrogênio não protéico oriundo da uréia, as dietas baseadas em cana-de-açúcar precisam ser corrigidas com suplemento mineral de boa qualidade para serem utilizadas eficientemente na alimentação de bovinos leiteiros. Essas correções, associadas com a utilização de variedades melhoradas de cana-de-açúcar, com altos teores de açúcar e baixos teores de fibra, proporcionam alto consumo do alimento e melhoram o desempenho produtivo do rebanho. Como o açúcar da cana varia com a cultivar, ano de colheita, estágio de maturidade, entre outros, um método simples de se estimar o nível de uréia a ser adicionado na cana é através da fórmula: uréia na cana de açúcar (g uréia/kg de cana in natura) = 0,6 Brix (94,8 - 1,12 Brix) / (100 - Brix). O nível de 1% corresponde a 17° Brix. Considerando a evolução no rendimento em açúcar das novas variedades de cana utilizadas pelas indústrias de açúcar, que estão disponíveis para uso pelos criadores de bovinos leiteiros, talvez hoje, a necessidade de adição de uréia seria, não menor, mas, maior que 1%, isto é, 1,15% a 1,25%. Se isto for passível de verificação, constituiria ferramenta economicamente benéfica aos produtores de leite. Neste sentido, os sistemas de nutrição e formulação de rações para ruminantes evoluíram do conceito de utilização da proteína bruta (PB) como referencial protéico para as adequações das rações em proteína degradável no rúmen (PDR) e em proteína metabolizável (PM). O uso dessas ferramentas permite teoricamente, formular rações que supram as exigências da população microbiana em compostos nitrogenados (PDR) e as exigências do animal, em aminoácidos absorvíveis no intestino delgado (PM). Dessa maneira é possível melhorar a eficiência de utilização da proteína e diminuir a sua excreção para o ambiente. Quando rações com cana de açúcar corrigidas com 1% de uréia ou da mistura uréia e sulfato de amônio (9:1) são avaliadas por meio do programa do NRC (2001), há indicação de excesso de PDR e deficiência de PM para vacas com produções diárias superiores a 10kg de leite. Caso as predições do NRC (2001) estejam corretas, a produção de leite será prejudicada, a demanda energética para a excreção do excesso de amônia será elevada e poderá haver prejuízos de ordem reprodutiva. Ademais, como demanda mais recente, o excesso de nitrogênio (N) liberado poderá levar à contaminação ambiental. Considerando o preço do quilo de PB da uréia em relação do farelo de soja ou de qualquer outro concentrado protéico de origem animal ou vegetal a relação será, por muito tempo ainda, favorável à uréia, mas devem-se adequar as rações em proteína degradável no rúmen (PDR) e em proteína metabolizável (PM) de acordo com as exigências dos animais.
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