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Brasil - Perspectivas econômicas para 2011


Segunda-feira, 27 de dezembro de 2010 - 09h05

Estamos em mais um fim de ano e sempre há uma cobrança por parte da sociedade de que nós, os economistas, apresentem um posicionamento das perspectivas para o ano que se descortina. Neste breve ensaio abordarei alguns pontos que julgo interessantes de reflexão por parte de todos, discriminando no caráter geográfico as repercussões e fatores que poderemos ter na economia. O crescimento econômico mundial, segundo a UNCTAD - Conferência para o Comércio e o Desenvolvimento, deverá ficar em 3,1% em 2011, o que significa um abrandamento em relação ao crescimento previsto para este ano, que ficará em 3,6%. Segmentando-se geograficamente, sinaliza-se para a zona do euro um crescimento 1,6%. Para a UNCTAD, o crescimento de emprego é o elo mais fraco da retomada da economia mundial e as medidas de austeridade orçamentária implementadas por alguns países dificultam a recuperação econômica necessária. Temos riscos de retomada de recessão na Europa, Japão e Estados Unidos, face às dificuldades de superação deste período de quase pós-depressão. De acordo com dados do Federal Reserve (Fed - Banco Central Americano), as previsões de crescimento para o próximo ano são inferiores aos patamares alcançados em 2010. Um exemplo é a expectativa de um índice de desemprego mais alto, pouco acima de 9%. Registre-se que a taxa de desemprego oficial em outubro ficou em 9,6%; bem como, um crescimento do PIB americano entre 3,0 e 3,6%. Os membros do Banco Central Americano consideram que a economia americana levará de cinco a seis anos para voltar à normalidade, o que afeta o crescimento mundial. Para a economia britânica, as perspectivas são de um crescimento de 2,6% em 2011 e com um endividamento público menor do que o planejado. Já o último Relatório de Inflação do Banco Central do Brasil, indica que a recuperação da economia global continua sendo liderada pelas economias emergentes, cuja expansão, em grande parte, ancora-se na demanda doméstica e, em casos específicos, no setor exportador. A atividade permanece em expansão nos Estados Unidos e na Europa, embora de forma mais gradual do que anteriormente antecipado. Esse processo tende a apresentar, nas economias maduras, que registram ociosidade dos fatores de produção expressiva e taxas de desemprego elevadas, características distintas das que devem prevalecer nas emergentes, que, de modo geral, encontram-se em novo ciclo de expansão, com reflexo na dinâmica da inflação, que também tem sido afetada pela recente alta dos preços das commodities, especialmente das agrícolas. Já no índice do nível de emprego formal, deveremos ter um incremento superior a 5%, ficando em um patamar de taxa de desocupação entre 8% a 9%. Os dados do último Relatório de Mercado Focus do Banco Central do Brasil apontam que as estimativas dos índices de preços são de manutenção da meta de inflação. É importante lembrar que os principais índices de preços são o IGP-M, o IGP-DI, o IPC-Fipe, o INPC e o IPCA que são calculados e divulgados pela FGV, Fipe e IBGE. As perspectivas são de que tenhamos uma inflação de aproximadamente 5,4%, medida pelo IPCA (índice oficial da inflação brasileira); já o IGP-DI e o IGP-M deverão ficar com índices de 5,64% a 5,68%. Um indicador importante na formação da inflação é o dos preços administrados, cuja perspectiva é de 4,5% e o IPC-Fipe 4,78%. A taxa média de câmbio prevista para 2011 será de R$/US$ 1,75; a Taxa Selic deverá ficar em 12,25%; a Dívida Líquida do Setor Público deverá ficar em 39,55% do PIB; já o PIB tem uma previsão de crescimento de 4,50%; a previsão de crescimento da produção industrial é de 5,4%; já a Conta Corrente deverá encerrar com um déficit de US$ 69,05 bilhões; para a Balança Comercial a previsão é de um superávit de US$ 8 bilhões e para o Investimento Estrangeiro Direto a previsão é de US$ 38,50 bilhões. De acordo com os dados do último relatório de Inflação do Banco Central, a agropecuária deverá crescer 0,5%, evolução consistente com a perspectiva de recuo anual de 2,5% para a safra de GRÃOS, de acordo com o prognóstico realizado pelo IBGE, com colaboração da COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB), compensada pela expansão nas demais culturas e na produção da pecuária, esta favorecida pela expansão do mercado e pelos preços atrativos. Para o setor industrial, projeta-se expansão de 5,4%, com destaque para a elevação de 7,8% na indústria extrativa mineral, impulsionada, especialmente, pela ampliação da produção de petróleo. A indústria da construção civil deverá crescer 6,6%, favorecida pela continuidade das obras governamentais, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e da continuidade de expansão do crédito imobiliário. A produção e distribuição de eletricidade, gás e água deverão aumentar 5,2% no ano, e a indústria de transformação, 4,9%. Para o setor de serviços, a previsão é de crescimento de 4,2%, ressaltando-se as projeções de crescimento para os serviços de informação, 7,9%, favorecida, principalmente, pelo maior acesso das classes D e E aos serviços de telefonia móvel e internet; intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relativos, 6,1%, taxa inferior às registradas nos últimos cinco anos, refletindo em parte os efeitos das medidas macroprudenciais sobre o crédito; transporte, armazenagem e correio, 5,2%; e comércio, 5%, os dois últimos influenciados diretamente pelo desempenho das atividades agropecuária e industrial. Entre os demais setores, ressalte-se as projeções relacionadas a outros serviços, 4,9%; imobiliárias e aluguel, 2,3%; e administração, saúde e educação, 2,2%. Para a demanda, de acordo com o Banco Central, projetam-se aumentos respectivos de 4,8% e 2,4% para o consumo das famílias e do governo, enquanto a formação bruta de capital fixo deverá aumentar 7,4%. A evolução da demanda interna deverá seguir refletindo a evolução favorável dos mercados de crédito e de trabalho, de forma que a sua contribuição para o crescimento do PIB em 2011 é estimada em 4,9 p.p. Em resumo, a minha expectativa é de que 2011 será um ano promissor, com muitas realizações no setor público e privado e com oportunidades para muitos. Fonte. Jornal da Cidade – SE. Por Saumíneo da Silva Nascimento (Economista, Mestre e Doutor em Geografia). 26 de dezembro de 2010.
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