Menor oferta em 4 anos

Em função do atraso na finalização do plantio da nova safra, o ritmo de colheita no fim de fevereiro deve ficar abaixo de 2010 Mato Grosso deverá ofertar no primeiro bimestre de 2011 o menor volume de soja em grão dos últimos quatro anos, conforma projeções da Agência Rural (AgRural). E a oferta aquém do esperado, poderá ser um fator a mais para estimular uma possível recuperação de preços, ou melhor, manter as cotações em alta. Conforme o analista da AgRural, Fernando Muraro, o Estado deverá colher 19,8 milhões de toneladas de soja, de um total estimado para o Brasil em 69,6 milhões. “Mato Grosso poderá ter pouca oferta para o início de 2011. A gente espera o menor volume em quatro anos”. A principal explicação é o atraso no plantio da safra este ano. A menor oferta deverá impulsionar os preços da soja no começo do ano, período tradicional de depressão dos preços em função da oferta em maior escala. Muraro estima que a colheita, ao final de fevereiro de 2011, estará concluída em apenas 1,9 milhão de hectares (ha), em Mato Grosso, contra os 3 milhões ha colhidos em igual período de 2010. “No ano passado, o clima permitiu que os produtores antecipassem os trabalhos no Centro-Oeste, uma tendência verificada nos últimos anos que inclui a utilização de sementes de ciclo precoce”, explica Muraro. Com variedades de ciclo mais curto, de 90 dias, por exemplo, o produtor acostumado a semear o solo a partir da segunda quinzena de setembro já tinha hectares para colher na última semana de dezembro. Mas com o atraso do plantio pela falta de chuvas e a concentração da semeadura a partir da segunda quinzena de outubro, o pico de colheita não será observado em janeiro. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), não descarta que haja colheita de um ou outro talhão antes da virada do ano, afinal, houve quem plantasse soja no “pó”, ou seja, sem condução hídrica nenhuma. Mas será um volume praticamente simbólico, se comparado ao ritmo de anos anteriores. Ainda conforme histórico do Imea, em 28 de janeiro de 2010, apenas 10% da área plantada, pouco mais de 6,1 milhões ha estava colhido. Já em 25 de fevereiro, um mês depois, as colheitadeiras já haviam passado por 50% da área. Se as perspectivas dos analistas se confirmarem, ao invés de 50% da área colhida no fim do primeiro bimestre, Mato Grosso terá somente 30%, percentual que corresponde aos 1,9 milhão apontados por Muraro. Esses hectares seriam – na teoria – os espaços disponibilizados ao milho segunda safra, ou cerca de 1,9 milhão ha. Se as chuvas não trouxerem mais atrasos à colheita, o milho terá garantido praticamente a mesma área da safra 09/10, e quase 100% dela dentro da janela de plantio. MERCADO - o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Carlos Favaro destaca que mesmo com a menor oferta no início do ano, o abastecimento para as indústrias estará garantido. Mesmo com a colheita da safra – momento em que pela oferta em abundância os preços deprimem – as cotações da soja não deverão ter quedas expressivas, devido ao aumento da demanda internacional. “Apesar da oferta intensa no período de colheita, o mercado externo continuará agressivo, puxado principalmente pelo consumo da China e da Índia”. Fávaro acredita que Mato Grosso continuará com baixo estoque, o que irá gerar bons momentos para os produtores. “Vai haver uma disputa e os preços devem ficar mais atrativos”. Ele disse que o plantio de soja foi finalizado no Estado dentro de uma janela ideal. “Recuperamos o período de atraso e os produtores concluíram o plantio sem sobressaltos”. Na próxima safra, segundo ele, a comercialização deverá refletir melhor renda e um bom ano para o produtor, possibilitando honrar os compromissos e pagar parte do endividamento corrente, que vem sendo rolado desde 2004 e 2005. Os bons preços ofertados pelo mercado internacional possibilitaram ao produtor mato-grossense travar vendas nas melhores cotações dos últimos anos. Para se ter uma idéia, a comercialização da safra de soja atingiu 60% até agora. Em 2009, nesta mesma época do ano, o volume negociado não passava de 32%. Fonte: Diário de Cuiabá. Marcondes Maciel e Marianna Peres. 14 de dezembro de 2010.
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