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Há 40 anos, DDT precipitou restrições


Terça-feira, 23 de novembro de 2010 - 09h10

Como boa parte das descobertas científicas, os agrotóxicos mais eficientes foram encontrados por acaso. Foi assim com um dos maiores símbolos do campo, o DDT (sigla de diclorodifeniltricloroetano), criado em 1939 com o objetivo de combater mosquitos transmissores de doenças aos soldados aliados na Segunda Guerra. No Mediterrâneo, o DDT teve sucesso no combate ao tifo. Nos trópicos, derrubou os índices de malária. Terminada a guerra, o inseticida teve novos usos de aplicação, como a agricultura. Os produtores rurais o louvavam como um milagre - nunca antes tinham obtido resultados tão bons contra pragas. O uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes, aliado ao desenvolvimento genético de sementes, contribuiu para a "Revolução Verde", um amplo programa para elevar a produção agrícola no mundo. Tudo poderia ter sido diferente se o DDT ficasse onde fosse aplicado. Mas no fim dos anos 40, o FDA, agência para alimentos e medicamentos dos EUA, já encontrava os primeiros indícios do inseticida no leite retirado de vacas que não haviam tido contato com a pulverização. Dez anos depois, virtualmente todo americano tinha algum vestígio de DDT na gordura do corpo. Em 1962, a cientista Rachel Carson publicou "Primavera Silenciosa", a bomba denunciatória dos malefícios dos agrotóxicos ao ambiente. Relatos minuciosos mostravam como a química agia sobre a flora e a cadeia alimentar no território americano - a mortalidade de animais que explicava o silêncio daquela primavera. A indústria química reagiu. Rachel foi chamada ao Senado para explicar o conteúdo de seu livro. A obra ajudou a formar o movimento ambientalista, que continuou pressionando por restrições nas fórmulas e no uso desses produtos. Fomentou também questionamentos acadêmicos e leis, em diferentes esferas, que exigiram responsabilidade das empresas. O DDT foi banido pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA em 1972, decisão seguida por outros vários países. No Brasil, o agrotóxico foi banido apenas nos anos 90, mas países pobres continuam utilizando-o largamente, graças ao seu baixo preço e à alta eficiência de curto prazo. Fonte: Valor Econômico. Por Bettina Barros. 22 de novembro de 2010.
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