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Scot Consultoria

Etanol brasileiro entra em fase decisiva nos Estados Unidos


Segunda-feira, 27 de setembro de 2010 - 09h46

O futuro do etanol brasileiro no mercado americano entrou numa fase decisiva. Pelas contas da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa os produtores nacionais, o Congresso americano tem cerca de sete semanas para definir se renova ou não a tarifa de importação do combustível e o subsídio dado ao etanol produzido com milho. Ambos terminam em 31 dezembro e podem determinar a expansão dos negócios no mercado brasileiro. Em caso positivo, a decisão representaria a exportação de 5 a 15 bilhões de litros de etanol para os Estados Unidos até 2020. Com a proximidade das eleições legislativas nos Estados Unidos, marcadas para 2 de novembro, o Congresso deverá entrar em recesso no começo do mês que vem. Se até lá o assunto não for posto na pauta, restarão apenas algumas semanas entre novembro e dezembro para os senadores chegarem a uma conclusão - o que não ocorreu em meses de discussão. Ao contrário do que ocorria no passado, desta vez há movimentos fortes tanto para a renovação como para a eliminação das tarifas de importação (de US$ 0,54 por galão) e subsídios (de US$ 0,45 a cada galão de etanol de milho adicionado à gasolina). Um dos projetos em circulação prevê a extensão da subvenção por cinco anos. Outras cinco propostas defendem a eliminação dos instrumentos. Nos últimos meses, esse último grupo ganhou um aliado de peso: o presidente Barack Obama, que defende o uso do combustível limpo. Enquanto o Congresso não chega a uma conclusão, a Unica reforça seu lobby no Congresso e na sociedade americana. Depois de promoções em postos de combustíveis e campanhas publicitárias em TV, a estratégia agora é mostrar ao cidadão americano quanto custa aos cofres do país a decisão de manter a política adotada para o etanol. Só os subsídios consomem dos Estados Unidos US$ 5,5 bilhões por ano. ?Hoje o humor do americano é contra qualquer gasto do governo?, afirma Joel Velasco, representante da Unica nos Estados Unidos e que faz lobby a favor do etanol brasileiro entre os senadores. Ele comenta que o assunto tem ganhado as páginas e editoriais dos principais jornais do país. Em cima desses editoriais, a Unica faz propaganda nos veículos que os senadores leem. Outra estratégia foi montar uma plataforma onde as pessoas aderem a um abaixo-assinado e mandam para os senadores. ?Cerca de 15 mil pessoas já fizeram isso nos últimos nove dias?, afirma Velasco, que visita o Congresso americano, pelo menos, duas vezes por semana. Além de encontros e contatos por telefone, ele tem reforçado o uso do Facebook e Twitter. Antes da tarefa de tentar extinguir os subsídios e tarifas, Velasco e os representantes da Unica tiveram uma vitória importante nos EUA. Eles conseguiram enquadrar o etanol como biocombustível avançado na redução de emissões de gases. Brasil Enquanto os americanos estudam se flexibilizam ou não a entrada do etanol de cana-de-açúcar no país, os produtores brasileiros tentam ajeitar a casa para não perder futuras oportunidades. Depois da ressaca da crise mundial, que quebrou dezenas de usinas entre 2008 e 2009, os empresários começam a recuperar parte dos prejuízos graças a alta do preço do açúcar no mercado internacional por causa da quebra de safra da Índia. Mas, ao contrário do passado, a euforia por novos investimentos está bem fraca. Em 2008, eram 32 novas usinas; 2009, 19; e neste ano, 10, comenta o diretor técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues. Para o ano que vem, diz ele, serão apenas quatro unidades. Ele acredita que os preços, tanto do açúcar como do etanol, deverão continuar em patamares bons para o produtor e para o consumidor. Neste ano, destaca o executivo, houve um resíduo de cana de 2009 que não foi colhida e que incrementou a oferta. No ano que vem, não haverá nem resíduo nem a entrada de muitas usinas em operação. Por outro lado, a demanda de etanol continuará crescente no mercado interno e a de açúcar, no exterior. Em outras palavras isso significa uma forte tendência de os preços subirem ainda mais no próximo ano. Se a houver a extinção das tarifas e subsídios americanos, é pouco provável que o País consiga elevar de forma expressiva os embarques de etanol para os Estados Unidos no curto prazo. Mas haverá uma corrida para novos investimentos. Fonte: O Estado de São Paulo. 26 de setembro de 2010.
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