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Scot Consultoria

Disputa pela Potash expõe o tamanho dos desafios da Vale


Sexta-feira, 24 de setembro de 2010 - 10h26

A disputa que ganhou corpo a partir da oferta - primeiro amigável, depois hostil - apresentada pela anglo-australiana BHP Billiton pela canadense PotashCorp. não só dá a medida da onda global de consolidação e novos investimentos que tomou conta do segmento de fertilizantes e do tamanho do desafio enfrentado pela brasileira Vale para cumprir a meta de se transformar no segundo ou terceiro maior player do mercado nos próximos anos Acompanhada com interesse mundial desde que foi colocada sobre a mesa, em meados do mês passado, a proposta da BHP pelo controle da Potash, hoje a maior companhia de fertilizantes do mundo, é de US$ 39 bilhões - "apenas" US$ 1 bilhão a menos que o valor de mercado previsto pela Vale para sua nova divisão de fertilizantes quando todos os projetos que estão sendo desenvolvido nesta frente no momento estejam produzindo a todo o vapor. E não são poucos. Com investimentos estimados em US$ 12 bilhões até 2014, a Vale mantém projetos de expansão da capacidade de produção de matérias-primas para fertilizantes derivadas de potássio e fostato no Brasil, na Argentina, no Canadá e em Moçambique. Trata-se de uma variedade e de um montante total de aportes no segmento nunca antes colocados em marcha por uma única empresa radicada no Brasil, multinacional ou não - daí a histórica dependência do país de nutrientes importados. "As projeções de crescimento da demanda mundial por alimentos, que implicam produtividade agrícola crescente, fizeram o mercado de fertilizantes mudar de patamar", diz Mário Barbosa, diretor-executivo da Vale e presidente da nova Vale Fertilizantes e da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Desde 1992 Barbosa liderava a divisão de fertilizantes da americana Bunge no Brasil, que foi adquirida pela Vale neste ano. O negócio com a Bunge deu à Vale o controle da Fosfertil, maior fabricante nacional de matérias-primas para adubos, ratificado com a posterior aquisição das participações minoritárias que outras empresas, estrangeiras e nacionais, também tinham na Fosfertil. No total, Bunge e Fosfertil custaram à Vale US$ 4,7 bilhões. A transação entre Vale e Bunge inaugurou uma nova era para o segmento também no Brasil. A tendência já podia ser percebida com todas as suas cores no mercado internacional, mas foi a partir desse negócio que ficou claro para os players brasileiros que os investimentos mais importantes na expansão da produção de fertilizantes ficariam agora a cargo das grandes mineradoras. O próprio CEO da Bunge, o brasileiro Alberto Weisser reconheceu que não era mais possível para um grupo com foco no agronegócio brigar com as mineradoras na prospecção e exploração de novas jazidas de fosfato e potássio para fertilizantes, uma vez que os investimentos para isso são cada vez mais vultosos. Estimativas da Bunge do início deste ano davam conta que, para cada 1 milhão de toneladas "novas" do principal derivado do fosfato destinado a adubos, eram necessários aportes de US$ 1,5 bilhão. Nos potássicos, eram US$ 1,3 bilhão para cada milhão de toneladas adicionais, e no caso dos nitrogenados - que completa o trio fundamental de fontes de nutrientes para fertilizantes -, eram também US$ 1,5 bilhão. Nesse contexto, projeções de aumento de consumo global recentemente divulgadas pela IFA, a associação internacional das indústrias do segmento, mostram que serão necessários mais de US$ 25 bilhões só para atender ao incremento até a safra 2014/15. Barbosa não tem detalhes, mas informou ao Valor que, em um prazo mais longo, a IFA prevê investimentos entre US$ 80 bilhões e US$ 100 bilhões na expansão mundial da oferta. Não por acaso, portanto, a briga ficou mais bem acirrada no mercado. Para fazer frente à BHP, o grupo chinês Sinochem vem tentando reunir parceiros e atrair o governo de seu país para entrar na disputa pela Potash. Barbosa disse que nem como parceiro tem interesse na Potash. Outra frente de possível investimento da Vale apontada por fontes do ramo, que é a aquisição, no Brasil, da Copebrás - segunda maior fabricantes de matérias-primas para fertilizantes do país e posta à venda por seu controlador, o grupo Anglo American - também foi rechaçada pelo executivo. Para ele, é hora de amadurecer os projetos em curso, reuni-los em um único "guarda-chuva" e abrir o capital desta que será a Vale Fertilizantes, movimento previsto para o primeiro semestre de 2011. Mas, é claro, novas aquisições não estão descartadas. Fonte: Valor Econômico. Por Fernando Lopes, 23 de setembro de 2010.
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