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Scot Consultoria

Indústria precisa pagar mais pelo trigo importado, aponta Ocepar


Segunda-feira, 20 de setembro de 2010 - 11h58

A alta dos preços do trigo no mercado internacional deve começar a se refletir na balança do setor a partir de agora. Para produto disponível as ofertas vão de US$ 295 a tonelada (trigo do Paraguai) a US$ 315/t (Estados Unidos). A vizinha Argentina negocia trigo da safra nova, ainda no campo, a US$ 300/t (embarque dezembro). Esses valores são pelo menos 24% superiores aos pagos pelo cereal de outros países desembarcado nos portos brasileiros no mês de agosto, que foi de US$ 237 a tonelada, segundo o Ministério da Agricultura. No mercado interno, os preços acompanham de perto a cotação internacional. No Paraná, que já colheu 50% da safra, as ofertas giram em torno de R$ 500/t (US$ 292), ainda que os moinhos ofereçam no máximo R$ 470/t (US$ 274/t). Não há negócios. Para as próximas semanas, participantes esperam um aquecimento nas vendas. Os moinhos tendem a começar a se abastecer internamente para misturar o grão com o produto importado ainda disponível nos estoques. Em agosto, os moinhos brasileiros receberam de outros países 533,87 mil toneladas de trigo, 44% a mais que no mesmo mês de 2009, quando os desembarques somaram 371,153 mil t. No acumulado do ano as compras no mercado externo somam 4,464 milhões de toneladas, 17% ou 650 mil t a mais que as 3,816 milhões de t importadas nos oito meses de 2009. O aumento das importações é atribuído ao fato de que no ano passado a qualidade do produto nacional deixou a desejar, prejudicada pelo excesso de chuvas no período da colheita. Além disso, segundo um trader, houve uma preocupação da indústria nacional em assegurar "o que foi possível" da Argentina, país que em 2009 colheu uma das menores safras de trigo da sua história. Ainda assim, o país vizinho responde no ano por 69% das compras externas de trigo - em períodos de safra cheia e em que não há restrições na exportação chega a fornecer 90% de todo o cereal importado pelo Brasil. No ano de 2010 as compras de trigo argentino totalizam 3,066 milhões de toneladas, conforme dados disponibilizados ontem pelo Ministério da Agricultura, acima das 2,443 milhões de toneladas nos oito meses de 2009. Neste ano, também foram importantes fornecedores de trigo para o Brasil o Uruguai, com 601,2 mil t (ante 646 mil t), o Paraguai, com 323,2 mil t (ante 500 mil t), os Estados Unidos, com 233,2 mil t (108,7 mil t) e o Canadá, com 201,5 mil t (ante 117 mil t). Em agosto, o Brasil recebeu da Argentina 308 mil t de trigo (ante 18,1 mil t em agosto de 2009), 100 mil t dos Estados Unidos (ante 77,1 mil t), 61,3 mil t do Uruguai (ante 87,1 mil t), 37,9 mil t do Paraguai (ante 99 mil t) e 25,5 mil t do Canadá (ante 89,6 mil t). Apesar da alta no mercado internacional, o preço médio do produto importado ainda não reflete a valorização externa. Pelo trigo desembarcado entre janeiro e agosto, os moinhos pagaram (FOB, sem impostos, taxas e fretes) US$ 229/t, 5,5% acima do registrado no mesmo período de 2009. Na Bolsa de Kansas, onde são negociados os contratos de trigo pão, o mais disputado pela indústria, a alta em um ano é de 41,5%. Por conta dessa valorização, produtores e cooperativas do Paraná pretendem negociar a safra - estimada em cerca de 3 milhões de toneladas - a preços entre R$ 500 e R$ 520 a tonelada, "próximo da paridade com o importado", diz Robson Mafioletti, assessor técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Estado (Ocepar). Segundo ele, há capacidade de armazenagem no Estado, o que dará ao triticultor oportunidade para negociar pelo menos até a entrada da safra verão, nos primeiros meses de 2011. Os preços no mercado de balcão (negociação direta com o produtor) começam a reagir. Nesta sexta-feira, é de R$ 25,70, em média, a saca de 60 quilos. Na semana anterior era de R$ 25,13/saca e, há duas semanas, de R$ 24,37. Em setembro de 2009 o produtor paranaense recebeu, em média, R$ 24,93/saca, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral). Ontem, o engenheiro agrônomo Otmar Hubner, do Deral, destacou a preocupação do setor produtivo do Estado com a falta de chuvas em regiões produtoras nas quais a lavouras estão em desenvolvimento, caso do Sul do Estado. Segundo ele, nessas áreas pode haver diminuição da produtividade. Mas ressalvou que os melhores resultados produtivos obtidos com trigo ocorreram em anos de baixos índices pluviométricos. No Rio Grande do Sul, as lavouras, em fase de enchimento de grãos, têm bom desenvolvimento, segundo a Emater, graças à chuva das últimas semanas. "Percebe-se que a área em espigamento e floração tem alto potencial produtivo e boa sanidade", destaca a empresa. Os preços pagos ao produtor do Estado também estão reagindo. Na semana, o aumento foi de 0,42%, com a saca sendo negociada, em média a R$ 21,63. Fonte: Agência Estado. 17 de setembro de 2010.
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