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Atraso do Plano Safra traz prejuízo de R$1 bilhão para produtores de Mato Grosso


Segunda-feira, 8 de junho de 2015 - 08h27

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, anunciou nesta terça-feira (2/6), durante cerimônia no Palácio do Planalto, a liberação de R$187,7 bilhões para o Plano Agrícola e Pecuário do período 2015/2016, recurso que pode ser usado para investimentos na produção de alimentos e insumos.


O valor é cerca de 20% superior ao da safra passada, quando foram liberados R$156,1 bilhões aos produtores rurais. Conforme estudo do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a demora na liberação do crédito gerou um impacto financeiro de R$1 bilhão em Mato Grosso.


"O aumento do volume de recursos é importante, em função do momento econômico em que o país vive, mas levando em consideração o custo de produção e a inflação acaba não mudando muita coisa. A expectativa do produtor agora é pela implantação efetiva desse plano, pois a safra está próxima", comenta Rui Prado, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (FAMATO).


O estudo aponta que os insumos necessários para a formação da lavoura, que englobam sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas, têm a maior participação do custo total da produção agrícola, representeando 58% em média nas últimas três safras. Dentre os principais insumos que compõem os custos de produção, o maior impacto do atraso vem dos defensivos agrícolas com participação de 53,3%. Em seguida estão os fertilizantes (29,4%) e as sementes (17,3%).


De acordo com o IMEA, os produtores rurais de Mato Grosso ainda precisam desembolsar R$12,7 bilhões para compra de insumos. Este valor poderia ser de R$3,8 bilhões, 334,6% menor em comparação ao ocorrido na safra passada, se não fosse o cenário econômico negativo do Brasil e a não disponibilização do pré-custeio.


"Esse atraso refletiu numa baixa comercialização dos insumos, uma situação considerada atípica para o período. Isso nos preocupa muito, pois faltam apenas quatro meses para começar o plantio da safra 2015/2016 e ainda precisamos de crédito oficial", afirma Prado.


Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (APROSOJA), Ricardo Tomczyk, o esforço da ministra em preservar o volume de recursos para custeio deve ser reconhecido, principalmente no atual cenário de ajuste fiscal. "Esperamos que rapidamente tenhamos os recursos disponíveis nas agências bancárias, pois a compra de insumos está atrasada este ano", diz.


No setor da pecuária, o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (ACRIMAT), Olmir Cividini, o plano é positivo por não apresentar retrocessos em relação ao ano passado. No entanto, ele destaca que dos R$187 bilhões, R$53 bilhões têm juros livre e o que interessa para os produtores são os outros R$130 bilhões.


Além disso, Cividini analisa que para a pecuária não há ainda muita clareza sobre as linhas de crédito que os pecuaristas podem acessar. "Mas tivemos a informação de que duas linhas de custeio criadas no ano passado permanecerão neste plano: para engorda e confinamento e para aquisição e retenção de matrizes. Não sabíamos que elas continuariam e isso é importante para a pecuária", informa.


Assim como os agricultores, os pecuaristas estão esperando para ver como será o acesso a esses créditos. "Após rodar 30 municípios de Mato Grosso com o ACRIMAT em Ação, percebemos que há uma reclamação generalizada do produtor em relação às dificuldades de acessar esse crédito. Esperamos que eles consigam acessá-lo nesta safra", destaca Cividini.


Outros fatores


Segundo o IMEA, outros fatores têm contribuído para os produtores rurais do estado terem mais cautela na definição da próxima safra, entre eles a alta cambial ocorrida nos últimos meses, motivada pelas políticas governamentais, e a insegurança por parte dos investidores que contribuiu para a elevação dos custos dos insumos, cujos preços são fixados em dólar.


O gestor de Projetos do IMEA, Daniel Latorraca, ressalta que um dos principais direcionadores para o atraso foi o cenário do mercado econômico que não está favorável aos produtores. "A taxa de juros, a Selic subiu e isso impactou em algumas negociações do agronegócio. Os preços da soja já estão menores e mesmo que o dólar segure os preços a um patamar razoável, isso não deverá cobrir os custos. A junção da falta de crédito mais o cenário negativo fez com que a comercialização de insumos freasse no estado", avalia.


Fonte: G1 MT. 3 de junho 2015.



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