Colheita atrasa e exportação de soja tem queda de 43% no ano

As exportações de soja estão com um ritmo bem lento neste ano em relação ao desempenho obtido no anterior.

Queda no volume exportado significa menos dólares que entram no país. O complexo soja é o carro-chefe da balança comercial brasileira.

Após exportações de 10,4 milhões de toneladas de janeiro a março de 2014, as vendas externas do primeiro trimestre deste ano deverão ser inferiores a 6,0 milhões de toneladas.

A queda, que é de 43% ante igual período do ano passado, está se refletindo também nas receitas obtidas pelo país com a oleaginosa.

No primeiro trimestre deste ano, as exportações de soja em grãos vão render apenas US$2,0 bilhões, abaixo dos US$4,5 bilhões de igual período do ano passado.

A queda na entrada de dólares não ocorre, no entanto, apenas pela redução do volume exportado, mas também pelo recuo dos preços médios obtidos pelos exportadores brasileiros.

Em março do ano passado, a tonelada de soja foi comercializada a US$505,0, segundo dados da SECEX (Secretaria de Comércio Exterior). Neste mês, a tonelada da commodity está em US$397,0.

Daniele Siqueira, da AgRural, diz que essa queda no volume exportado ocorre principalmente devido ao atraso na colheita neste ano.

Até o fim de fevereiro de 2014, a colheita já havia atingido 39% da área plantada. No mesmo período deste ano, o percentual foi de 29%. Na ponta do lápis, significam 7,0 milhões de toneladas a menos neste ano, afirma ela.

Um outro fator que está atrasando as exportações brasileiras é o ritmo acelerado das vendas norte-americanas. Os importadores estão no mercado dos Estados Unidos para se garantir. Depois vêm para a América do Sul, aponta Siqueira.

Ela acredita, ainda, que até a greve dos caminhoneiros possa ter ajudado a diminuir o ritmo das exportações.

Mas o país deverá recuperar esse atraso nas exportações. A ABIOVE (associação das indústrias) prevê que o Brasil exporte 48 milhões de toneladas de soja neste ano, 5% mais do que em 2014.

Mesmo com alta no volume exportado, as receitas vão ter um forte recuo. A soja em grãos deverá render US$17,8 bilhões neste ano, um valor 24% inferior aos US$23,3 bilhões de 2014. Confinamento de gado recua nos EUA

O rebanho de gado dos Estados Unidos parou de cair, conforme os dados de janeiro do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), mas o confinamento ainda recua.

Em janeiro deste ano, o rebanho total era de 89,8 milhões de cabeças de gado, ante 88,5 milhões em igual mês de 2014. No fim da década de 90, o rebanho total norte-americano superava os 100 milhões de animais.

Os dados mais recentes do USDA indicam que o número de animais colocados em confinamento recuou para 10,6 milhões de cabeças no início deste mês.

Em março do ano passado, os pecuaristas norte-americanos tinham um total de gado confinado 1% superior ao de igual período deste ano.

O Departamento de Agricultura dos EUA faz a pesquisa em estabelecimentos com capacidade de confinar mil ou mais animais.

PIB agrícola: O crescimento do Produto Interno Bruto do agronegócio foi de 1,59% no ano passado, uma evolução que pode ser considerada boa em relação ao desempenho da economia como um todo.

Bem abaixo: Essa evolução é bem menor, no entanto, do que os 5,2% de 2013. No ano passado, a pecuária, com crescimento de 8,3%, superou em muito a agricultura, cujo desempenho foi negativo em 0,75%, segundo o CEPEA e a CNA.

Vencendo a burocracia: A Rota do Oeste, empresa da Odebrecht TransPort e responsável pela BR-163 (MT), obteve a Licença Ambiental de Instalação. Essa parte da rodovia está localizada na Amazônia Legal.

Novo ritmo: O documento permite à empresa, que já duplicou os primeiros 23 quilômetros da rodovia, iniciar a duplicação dos outros 430 restantes que estão sob sua concessão. Grande parte produção nacional de grãos passa por essa rodovia.

Fonte: Folha de São Paulo. Por Mauro Zafalon. 24 de março de 2015.