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Scot Consultoria

Aumento da demanda doméstica por etanol ajuda setor a respirar


Quarta-feira, 14 de agosto de 2013 - 16h10

As vendas de etanol hidratado no mercado doméstico pelas unidades produtoras do Centro-Sul cresceram 18,5% em julho e totalizaram 1,21 bilhão de litros em relação a junho, segundo levantamento de mercado feito pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), divulgado na sexta-feira (9).


O volume é 31,3% superior ao que foi comercializado no mesmo período do ano passado. O crescimento se deu principalmente por conta da maior competitividade do produto em relação à gasolina e também pela valorização do dólar, que tem inibido as importações do produto norte-americano. "Sinto que o mercado está mais otimista com a mudança da política cambial. Fica mais difícil trazer álcool dos EUA ao Brasil e isso ajuda o setor no mercado interno e, ao mesmo tempo, ajuda a exportar", diz Alcides Torres, analista de mercado da Scot Consultoria.


Para o diretor técnico da (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, "como os preços do etanol estavam economicamente vantajosos aos consumidores nos principais mercados, era natural esperarmos um avanço no consumo de hidratado". Segundo ele, "a expectativa é de que essa tendência seja mantida nas próximas semanas, pois não temos observado uma mudança desse cenário de preços nas bombas", acrescentou o executivo.


Mas, por outro lado, o fechamento das janelas de embarque aos Estados Unidos tende a inibir as exportações brasileiras do biocombustível nos próximos meses. Isso porque desde julho, os preços do combustível já caíram cerca de 12,0% naquele país, especialmente por conta da confirmação de uma grande safra de milho - matéria-prima para o biocombustível norte-americano. Assim, na maior parte dos casos, tem sido mais vantajoso comercializar o produto no mercado interno ao invés de exportar.


Torres acredita que muitos consumidores brasileiros já escolheram o etanol brasileiro como seu combustível, independente de variação de preço em relação à gasolina. "Aos poucos as pessoas verificam os benefícios do consumo do etanol, seu papel ambiental e sua qualidade. Assim como alguns consumidores buscam a carne de melhor qualidade e o produto mais saudável", pondera. Para ele, ações de marketing e de comunicação, como é o caso da campanha da Unica para promover o etanol como o "combustível completão", são sempre muito bem-vindas e ajudam a esclarecer a população.


Produtividade


Com o aumento na demanda em julho, o plano de produção da maior parte das usinas se manteve, segundo dados da Unica, e a proporção de cana-de-açúcar destinada à produção de etanol atingiu 55,0% nas últimas duas semanas desse mês. O volume é superior ao 49,4% verificados na mesma quinzena da safra passada.


Nessa toada, o grupo São Martinho, um dos principais do país, divulgou crescimento no 1º trimestre da safra 2013/2014, encerrado em 30 de junho. A companhia obteve lucro líquido de R$34,7 milhões, acima dos R$2,4 milhões alcançados no mesmo período da safra anterior. Parte desse crescimento foi puxado pelo etanol, cujo volume vendido cresceu 146,0% e atingiu 123 milhões de litros. O volume de açúcar comercializado também cresceu e ficou em 88,9% alcançando 256,0 mil toneladas, compensando a queda no preço da commodity, que registrou queda de 16,8%.


Torres acredita que, no médio prazo, não deverá haver queda no preço nem da gasolina e nem do etanol. "Não acredito que a Petrobras dará uma colher de chá. Temos que nos acostumar com os preços mais elevados, até porque se os preços caíssem, não teríamos etanol suficiente para atender a demanda", calcula.


Ontem (dia 13), o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que o governo avalia o novo pedido feito pela Petrobras, para reajustar os preços da gasolina e do diesel nas refinarias. "A Petrobras está permanentemente pedindo aumentos de seus preços, até porque estão defasados há muitos anos. Mas isso não significa que se vá acordar (sobre o assunto)", afirmou. A principal preocupação do governo é de que um reajuste nos preços surta efeito no aumento da inflação.


Investimentos


Nas últimas safras, o setor sucroenergético amargou queda na produtividade dos canaviais, causada em parte pelo baixo percentual de renovação das lavouras e o alto endividamento da maior parte das usinas. Além disso, os custos de transporte somados ao cenário, agravaram ainda mais a situação. Mas, aos poucos, novos investimentos vão sendo iniciados ou concluídos, oferecendo melhores perspectivas para o setor.


Um exemplo disso foi a inauguração do primeiro trecho do etanolduto da Logum - que tem entre os sócios a Petrobras, Copersucar, Raízen, Odebrecht, Camargo Corrêa e Uniduto.  O trecho inicial de 206 quilômetros liga Ribeirão Preto (SP) à Paulínia (SP) e faz parte de uma obra cujo investimento total será de R$7,0 bilhões e que terá 1,3 mil quilômetros de extensão, passando por 45 municípios.


No ano passado, a Copersucar, uma das sócias, também anunciou investimentos de R$150,0 milhões na construção de um terminal de etanol em Paulínia, com capacidade para armazenar 360 milhões de litros do combustível. Em 2013, a companhia anunciou um pacote de investimentos em projetos logísticos para o setor, da ordem de R$2,0 bilhões, que inclui um terminal portuário em Santos (SP), que priorizará o transporte de açúcar via ferrovia até o porto.


Fonte: Sou Agro. Por Juliana Ribeiro. 13 de agosto de 2013.



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