• Sábado, 27 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Crise que afeta produtores de suínos e aves no Triângulo Mineiro é considerada uma das piores do setor


Quarta-feira, 7 de agosto de 2013 - 08h41

Criadores de suínos e aves de Minas Gerais cobram mais transparência das agroindústrias na hora de fazer os cálculos para pagamento dos lotes. Alguns produtores estão com as contas no vermelho, e muitos já venderam parte do patrimônio para continuar na atividade. Outros foram dispensados pela indústria, e mesmo sem poder alojar novos lotes, são obrigados a continuar pagando divida de reforma da granja.


Um produtor, que não quis se identificar, disse que o custo está muito alto e a remuneração não está dando para pagar as contas.


- Você tem que arrumar estrada e precisa pôr em ordem à construção. A casa para morador é uma série de investimentos e a própria reforma da granja precisa substituir equipamentos. Não está sendo possível fazer tudo isso. O custo está muito alto e o valor pago não está batendo, não fecha esta conta - disse o criador.


O diretor do Sindicato dos Produtores Rurais de Uberaba (SRU), Vinícius Rodrigues, disse que os criadores não estão conseguindo financiamento e estão tendo que vender o patrimônio para arcar com as dívidas.


- Nós estamos vivendo um clima de incerteza, de tensão perante as integradoras, onde os nossos custos de produção não são cobertos pelo contrato. Os contratos são elaborados de forma unilateral sem que as nossas planilhas de custo sejam consideradas. Estamos tendo muita dificuldade de manter um diálogo com estas integradoras. E aqueles que têm financiamento não têm conseguido honrar com os compromissos, muitos inclusive estão tendo que vender o patrimônio para pagar as contas que fizeram junto a instituição financeira - disse Rodrigues.


A granja de Fabiana de Oliveira Amâncio está fechada desde abril, quando o contrato com a agroindústria foi encerrado. Fabiana diz que trabalhou pelo menos três anos no prejuízo. Segundo ela, isso foi causado por um erro na assistência técnica da empresa onde os lotes acabaram sem rendimento. A criadora reclama que não tem transparência no fechamento das contas de cada lote, por isso, acabou investindo em uma balança para conferir o peso de ração que entrava na propriedade e dos frangos na saída.


- Na conversão alimentar a ração estava estourando, então, nós colocamos a balança. A partir do momento que a balança começou a operar, resolveu o problema de ração no decorrer dos últimos lotes. Na saída, deram a condenação de R$8.400, acusando problema de sanitário. Peguei o relatório em mãos e não teve condenação nenhuma. A partir do momento que viram que eu estava com o documento, eles já depositaram o dinheiro em conta. Então, quer dizer a empresa não tem transparência, nós não somos parceiros na realidade - desabafa.


Antes de se desligar da empresa, Fabiana teve que vender dois apartamentos e mais duas salas comerciais para se manter na atividade. Agora, a dívida de investimento na granja que havia sido perdoada pela empresa, mas com o compromisso de entregar frango até 2018, voltou a ser cobrada, por isso ela entrou na justiça.


- Se eu não vou mais criar frango como é que vou pagar dívida? Aí a dívida é automaticamente perdoada. Mas eles disseram que não eles querem que eu faça uma proposta para poder pagar a conta. Eles não tomaram conhecimento, então, entrei na justiça para poder pedir a liberação da escritura - ressaltou a avicultora.


Para os criadores, a crise que está inviabilizando a produção de suínos e aves vêm da falta de reajuste na remuneração conforme está no contrato. Uma das cláusulas é bem clara, tem que haver equilíbrio econômico e financeiro entre integrado e integradora. Mas nos últimos seis anos a defasagem entre o custo de produção e o pagamento dos lotes chega a 49% nos suínos e passa de 38% no frango.


O levantamento foi feito pela Associação dos Granjeiros Integrados do Triângulo e Alto Paranaíba (AGRITAP). O presidente da entidade, José Gaspar de Faria, não concorda com a avaliação da integradora de que do total dos custos em cada lote o criador receba por apenas 5,1% e a indústria fica com 94,9%.


- Esta faltando um equilíbrio no processo que reconheça que nosso capital está investido para produzir para agroindústria. E a gente tem que ser remunerado de tal forma que possa dar manutenção no processo de produção - disse.


Fonte: Canal Rural. 6 de agosto de 2013.



<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>

Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja