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Scot Consultoria

BRF lucra R$208,4 milhões no 2º trimestre deste ano


Terça-feira, 30 de julho de 2013 - 08h22

Impulsionada pelas exportações, a BRF obteve um lucro líquido de R$208,4 milhões no segundo trimestre deste ano, montante muito superior aos R$6,4 milhões registrados no mesmo intervalo de 2012.


A receita líquida total nessa comparação cresceu 10%, alcançando R$7,25 bilhões. O incremento se deve, principalmente, ao desempenho do mercado externo, que considera as exportações a partir do Brasil e as operações em solo internacional.


A BRF foi beneficiada pela valorização do dólar diante do real e pela redução dos custos das grãos usados na ração animal. A receita líquida no mercado externo totalizou R$3,42 bilhões de abril a junho, uma expansão de 19% sobre o mesmo período do ano passado.


Os números, contudo, não foram suficientes para levantar o clima na BRF. A alta administração está ansiosa, no aguardo da reestruturação que virá como resultado da chegada de Abilio Diniz ao conselho da companhia.


O anúncio das modificações deve ocorrer na segunda quinzena de agosto. Os executivos passaram quase todo o trimestre num processo de revisão de seu trabalho, por conta da atuação da Galleazzi & Associados, contratada por Abilio para desenhar uma reorganização gerencial da BRF a fim de torná-la mais eficiente.


O cenário da BRF hoje é típico de uma empresa de capital pulverizado, em que não há um dono majoritário capaz de sozinho impor sua estratégia. Tudo pede negociação e composição. Como diz uma fonte, "o clima é o de uma empresa que foi alvo de um takeover", mesmo que isso não tenha ocorrido.


A empresa teve ainda de lidar com um cenário "desafiador" no mercado macroeconômico brasileiro, com a inflação de alimentos elevada. Apesar disso, a receita líquida doméstica da BRF também cresceu: 3%, para R$4,10 bilhões.


Os números do segundo trimestre ainda sofrem na comparação anual o componente negativo de uma operação menor, pois há um ano a BRF contava com os ativos que vendeu à Marfrig por determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) - dez fábricas de processados, oito centros de distribuição e marcas.


O lucro total antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$801 milhões de abril a junho, numa alta de 55%. Com isso, a margem Ebitda avançou de 7,5% para 10,6% na comparação anual - resultado da combinação de menores custos e dólar em alta.


A dívida líquida da BRF ao fim de junho estava em R$7,42 bilhões - ante R$7,15 bilhões em março. Mas com a melhora das margens, a relação entre dívida líquida e Ebitda caiu de 2,4 vezes para 2,2 vezes, na evolução entre o primeiro e o segundo trimestre.


O cenário de apreensão interna, portanto, nada tem a ver com os números do trimestre. Mas com a expectativa de modificações relevantes na estrutura. Mesmo o futuro do atual presidente da BRF Antonio do Prado Fay ainda está indefinido.


A BRF é uma empresa de alta administração enxuta. O corpo executivo é formado por dez profissionais - presidente e nove vice-presidentes. Abaixo deles, estão 52 diretores e 519 gerentes, conforme relatório anual de 2012. Modificações nas vice-presidências, portanto, tendem a ter um impacto relevante na cadeia interna de gestão.


Assim, um complexo jogo de xadrez precisa equilibrar objetivos e interesses. De um lado, o conselho de administração terá de decidir exatamente as mudanças que quer implementar. Do outro, terá de negociar com a administração, para que não haja alterações bruscas que coloquem a empresa em risco.


O Valor apurou que dentro do próprio conselho existem divergências sobre o futuro de Fay. Existe espaço para que ele se torne presidente do headquarter global da BRF - que ainda será criado. Assim, seria necessário encontrar um nome para comandar a operação da BRF no Brasil, que responderá ao CEO global. O presidente da operação brasileira teria de ser alguém da "confiança de Abilio e palatável a Fay", diz uma fonte.


Essa não é a única condição a ser considerada para que Fay continue na BRF. Sua permanência deve depender de o executivo se sentir confortável e concordar com as mudanças na gestão e na estrutura da BRF planejadas pelo novo conselho de administração, afirma uma fonte a par do assunto.


Fonte: Valor Econômico. Por Luiz Henrique Mendes, Graziella Valenti e Alda do Amaral Rocha. 30 de julho de 2013.



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