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Algodão volta a ser plantado na Paraíba depois de décadas


Segunda-feira, 8 de julho de 2013 - 09h31

São apenas 200 hectares nesta safra. Se comparada com os mais de 800 mil hectares em todo o Brasil, a área plantada com algodão na Paraíba é quase nada, mas tem um significado importante. Campina Grande, polo da cotonicultura paraibana foi, na década de 1930, o segundo maior centro mundial de comercialização do algodão, perdendo apenas para Liverpool, na Inglaterra.


Porém, nos anos 1980, as lavouras foram praticamente dizimadas pelo bicudo - uma praga que continua sendo uma das maiores dores de cabeça dos cotonicultores brasileiros - e agora a realidade é outra.


Sediada em Campina Grande, a Embrapa Algodão, que estará presente no 9º Congresso Brasileiro do Algodão, entre os dias 3 e 6 de setembro, em Brasília, conseguiu devolver o algodão ao semiárido da Paraíba.


As pesquisas começaram ainda na década de 1980, com a coleta de amostras de algodão herbáceo em diversos estados. O pesquisador da Embrapa Algodão, Luiz Paulo de Carvalho, lembra que a variedade arbórea plantada na Paraíba favorecia a proliferação do bicudo:


"Por isso nossa opção por espécies herbáceas, que são plantadas todos os anos. O algodão arbóreo é semiperene, produzindo até cinco anos seguidos. Assim, o bicudo tinha alimentação praticamente o ano todo e era difícil combatê-lo."


Na análise das amostras coletadas, os pesquisadores verificaram fibras naturalmente coloridas. Inicialmente, a Embrapa Algodão desenvolveu uma variedade semiperene, com produção em até três anos.


"A empolgação foi grande por parte dos produtores e chegamos a ter 3,0 mil hectares de algodão", lembra o pesquisador. Mas a incidência do inseto e o mercado restrito fizeram os agricultores paraibanos recuarem mais uma vez.


Foram estudadas 35 novas linhagens de algodão nos municípios de Patos e Monteiro. Como resultado, Campina Grande e regiões vizinhas são, hoje, centros de produção algodoeira reconhecidos no país.


A pesquisa de melhoramento genético de sementes resultou no lançamento em 2000 de uma variedade na cor creme, a BRS 200. Em 2003, veio a BRS Verde e, em 2005, a BRS Rubi e a BRS Safira, ambas de nuances marrons.


"Orgânica ou não, a produção de algodão colorido já se torna vantajosa ao dispensar o tingimento, uma das etapas mais problemáticas do processo."


O pesquisador lembra que o algodão, seja colorido ou branco, tem mercado garantido. Mas para que a produção chegue ao consumidor, é preciso incentivar a organização da produção, buscar apoio do governo e facilitar o acesso às tecnologias por parte dos produtores rurais.


"Mostramos que era preciso ter uma organização para garantir a colocação do produto no mercado."


Assim, uma cooperativa de 31 associados em Campina Grande transforma as plumas de algodão colorido em peças de vestuário e para casa. Com as sobras de tecidos, fazem bonecos e bichinhos de pano para crianças.


A cooperativa já exporta para a Europa brinquedos e almofadas produzidas com o algodão naturalmente colorido. Carvalho lembra que a Embrapa Algodão busca também interessados pela pluma colorida em Santa Catarina e no Paraná:


"Tanto produtores rurais que queiram apostar na variedade como empresas que queiram processar a pluma."


Mas e o bicudo? Segundo o pesquisador, a convivência com bicudo não é mais um problema porque o besouro poderá ser eliminado com o arranquio e o espaçamento do tempo de plantio de uma safra à outra, que dever ser de, no mínimo, três anos.


Fonte: Rural BR. 7 de junho de 2013.



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