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Scot Consultoria

Incertezas derrubam ações da JBS; Marfrig também cai


Quarta-feira, 12 de junho de 2013 - 08h30

Um dia após o anúncio da venda da Seara Brasil e da Zenda pela Marfrig para a JBS, por R$5,80 bilhões, as ações das companhias tiveram forte queda na BM&FBovespa. Os papéis da JBS fecharam com queda de 7,19% enquanto os da Marfrig, que haviam subido 6,31% no dia anterior, recuaram 3,15%.


A percepção de que o negócio vai aumentar o endividamento da JBS voltou a influenciar o humor dos investidores. No fim do dia, o quadro se agravou depois que a agência de classificação de risco Standard & Poors informou que colocou o rating da JBS e da JBS USA em revisão para possível rebaixamento. O rating atual da companhia é "BB".


Segundo a agência, a revisão pode ocorrer se a dívida da JBS permanecer muito mais alta do que o previamente esperado após a conclusão da aquisição.


Para pagar os ativos adquiridos, a JBS vai assumir dívida de R$5,85 bilhões da Marfrig, o que elevará o endividamento da gigante mundial de proteína animal. A expectativa da S&P é que a relação entre a dívida bruta e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da JBS fique perto de 4 vezes no fim deste ano. Mas na conclusão da aquisição, o índice deve ficar mais elevado, perto de 5 vezes, conforme a agência.


Em relação à Marfrig, a expectativa da S&P é positiva. Também na terça-feira (11/6), a agência colocou os ratings da empresa em revisão para possível elevação após a venda dos ativos para a JBS. Atualmente, o frigorífico recebe nota "B" pela agência, dois níveis acima do status considerado como "altamente especulativo".


A venda dos ativos vai tirar dívidas de R$5,80 bilhões do balanço da Marfrig. "Queremos monitorar os impactos no fluxo de caixa, estrutura de capital e política financeira que seguirão a transação", afirmaram os analistas da S&P em nota.


Mas o cenário externo também contribuiu para derrubar as ações de JBS e Marfrig. O Ibovespa caiu 3,01% num dia de liquidação de ativos nos mercados mundiais por conta das preocupações com a possível redução dos estímulos à economia americana pelo Federal Reserve (o Fed), como informou o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor.


Não bastassem as incertezas quanto ao impacto do negócio no desempenho das duas empresas, a operação anunciada por Marfrig e JBS na segunda-feira corre o risco de ser questionada pela BRF. A razão é que a venda da Seara Brasil para JBS incluiu marcas que haviam sido entregues pela BRF à Marfrig numa operação de venda e troca de ativos, em 2011.


A BRF teve de se desfazer desses ativos para cumprir o acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que permitiu a união entre Sadia e Perdigão.


O contrato de venda de ativos da BRF para a Marfrig incluía marcas como Rezende, Doriana, Wilson, Confiança, entre outras, e determinava que a Marfrig não poderia vender essas marcas pelo período de cinco anos. Como na Marfrig essas marcas estavam sob o guarda-chuva da Seara Brasil, elas estão incluídas na operação de venda para a JBS.


O Valor apurou que a possibilidade de a BRF questionar a venda na Justiça ainda não está descartada. Procurada, a companhia não se pronunciou. Já a Marfrig informou, por meio de sua assessoria, que "não existem restrições no modelo de negócio entabulado". A JBS também preferiu não se pronunciar sobre o assunto


Fonte: Valor Econômico. Por Alda Rocha do Amaral. 12 de junho de 2013.



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