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Exportadores argentinos de soja seguram vendas


Quinta-feira, 28 de março de 2013 - 09h01

Os exportadores de soja da Argentina pisam no freio, à espera de uma relação cambial mais favorável e de cotações melhores da commodity no mercado internacional. A colheita da oleaginosa está abaixo da média neste trimestre no país e poucos se animam a fechar contratos de venda.


Na Argentina, todos os exportadores de soja precisam apresentar uma declaração jurada de venda ao exterior, chamada de "ROE Verde". De acordo com dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, em março deste ano foram registradas até o dia 21, por meio dessas declarações, apenas 270,00 mil toneladas de soja vendidas em contratos com embarques autorizados para os próximos 180 dias. Na modalidade com embarque para os próximos 45 dias foram registradas 45,50 mil toneladas.


Em março do ano passado, os contratos com embarques em 180 dias somavam 1,40 milhão de toneladas, enquanto os de 45 dias totalizavam 230,00 mil toneladas.


A colheita das 48,50 milhões de toneladas de soja esperada para esta safra 2012/2013 também vai devagar. Apenas 5,0% do volume esperado foi colhido até agora, mesmo percentual registrado em igual época no ano passado, que foi marcado por uma forte seca. Segundo estimativas do mercado, entre 20,0% e 25,0% da atual safra já está negociada, ou algo entre 10,00 milhões e 13,00 milhões de toneladas, e ainda restam estoques da ordem de 1,20 milhão de toneladas da safra passada.


Nos três primeiros meses deste ano, foram liquidadas exportações de soja que somaram US$3,54 bilhões, de acordo com a entidade patronal CIARA-CEC, que reúne as principais empresas do setor. Foi uma queda de US$722,00 milhões em relação ao registrado no mesmo período do ano passado. O resultado era esperado, já que a safra de 2012 foi 20,0% menor que a do ano anterior, mas fez com que aumentasse a pressão do governo da presidente Cristina Kirchner para que o segmento de soja apresse as vendas.


Ricardo Echegaray, chefe da AFIP, órgão local da Receita, ameaçou na última segunda-feira (25/3) aplicar a lei penal tributária contra empresários que retardem as exportações argentinas, em meio a uma escalada da cotação do dólar no mercado informal da moeda americana. Em apenas 48 horas, o valor do dólar subiu 15,0%, passando de 7,60 pesos para 8,70 pesos.


A cotação oficial do dólar está em 5,12 pesos. Sobre esse valor, há um imposto de exportação sobre o grão com alíquota de 35,0%. Para cada dólar vendido no exterior, o exportador de soja, na prática, recebe cerca de 3,20 pesos.


"Por vezes, falta um pouco a compreensão de que o grão é uma propriedade privada e a decisão de quando vendê-lo está dentro da estratégia comercial diferenciada de cada um dos 50 mil empresários que compõem o setor", afirmou o presidente da entidade patronal ACSoja, Miguel Calvo. Conforme o dirigente, "as temperaturas mais baixas de 2012 atrasaram o plantio", retardando também a colheita.


Segundo Calvo, a queda das autorizações expedidas em março é irrelevante. "O resultado isolado das autorizações em um mês não é significativo do comportamento do mercado". Para Horacio Salaverri, presidente da entidade patronal Carbap, que reúne sindicatos rurais em todo o país, "no conjunto do terceiro trimestre as vendas estão similares às do ano passado". De acordo com Salaverri, "em uma situação de escassez de dólares é natural que cada produtor desenvolva a sua estratégia sobre a sua reserva de valor, que é a produção".


Fonte: Valor Econômico. Por Cesar Felício. 27 de março de 2013.



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