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Scot Consultoria

Diretor da OIC diz que mercado de café discrimina Brasil


Terça-feira, 19 de março de 2013 - 08h57

O diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), o brasileiro Robério Silva, afirmou na segunda-feira (18/3), em Belo Horizonte, que o Brasil é discriminado no mercado internacional de café. "Hoje há uma escalada tarifária nos países desenvolvidos que impede exportações de matéria já acabada (café torrado e moído e solúvel)". As exportações brasileiras de café se concentram em café verde em grão.


"Eu nem deveria falar isso porque sou funcionário internacional, mas o Brasil é discriminado com relação à tarifa que se aplica ao café solúvel na Europa. É uma demonstração clara que os países desenvolvidos estão tratando de resolver os seus problemas e cabe a nós tentar, do ponto de vista das negociações internacionais, fazer avançar os nossos interesses."


Silva fez a declaração durante encontro com a imprensa em evento de lançamento da Semana Internacional do Café, que será realizada em setembro na capital mineira e receberá a reunião de 50 anos da OIC. Minas Gerais é o principal produtor de café do Brasil, país que lidera a produção e as exportações mundiais da commodity. Para este ano, a produção de café em Minas é projetada em 25 milhões de sacas, 51,4% da produção nacional.


Para Silva, o caminho para os países produtores enfrentarem as altas tarifas, principalmente na União Europeia, são as negociações diplomáticas. Por essa razão, o representante chamou atenção para a possibilidade de o Brasil ter o embaixador Roberto Azevedo à frente da Organização Mundial do Comércio (OMC).


Outro desafio para o segmento é a queda recente dos preços do café arábica, variedade de melhor qualidade e que representa aproximadamente 60,0% da produção mundial. "O arábica está muito barato", afirmou. Segundo ele, o maior risco é a ameaça à sustentabilidade da agricultura cafeeira. O esforço da OIC é "relançar um pacto cafeeiro", que passa pela sustentabilidade econômica, social e ambiental. "A mais importante para o produtor é o preço".


O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, Roberto Simões, e outras lideranças do agronegócio têm reuniões agendadas para esta semana nos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento, onde discutirão a questão dos preços do café.


O pleito é que o governo federal adote medidas para sustentar as cotações, como os leilões públicos de opção de compra (um compromisso por parte do governo de comprar estoques a um preço pré-determinado numa data combinada). "O governo sempre fez isso, mas nunca precisou fazer grandes aquisições. Mesmo assim, a medida ajudava a influenciar nos preços."


Silva definiu como "brilhantes" as perspectivas de demanda mundial do café. China, Rússia, Coreia do Sul, países do Leste Europeu e Austrália são alguns dos considerados novos mercados para a commodity. A demanda mundial cresceu, em média, 1,5% ao ano na década de 1990 e 2,5% nos anos 2000. A previsão da OIC é que esse ritmo seja mantido nos próximos anos.


Com os preços do café robusta (de pior qualidade) caminhando para cima, a expectativa é que os consumidores que hoje optam por cafés mais baratos acabem migrando naturalmente para o arábica.


Fonte: Valor Econômico. Por Fabiana Batista. 5 de março de 2013.



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