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Scot Consultoria

As rentabilidades dos cafés do Brasil


Terça-feira, 5 de fevereiro de 2013 - 08h45

O Brasil é o grande player de mercado quando o assunto é café. Maior produtor, maior exportador e segundo maior consumidor mundial.


Um país de muitos sabores é resultado dos diferentes climas, altitudes e relevos nas regiões produtoras. Doçura, acidez, equilíbrio, corpo e outras características sensoriais mais detalhadas são encontradas nos cafés do Brasil.


Cada produtor com sua tradição, cada região com seu diferencial, com seus valores, com suas dificuldades específicas, compõe o maior país produtor de café do mundo.


As particularidades de cada região também refletem no custo de produção e rentabilidade da atividade. Com produção de café nos estados de São Paulo, Paraná, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rondônia, as lavouras brasileiras têm sistemas que vão desde os totalmente mecanizados e irrigados, até os totalmente manuais.


Em 2011 o café teve seu pico e as cotações chegaram a ultrapassar o nível R$550,00/sc de 60kg, ano em que todas as regiões conseguiram obter boa rentabilidade com a atividade cafeeira no Brasil.


Contudo, em períodos de queda de preços como foi e está sendo o ano de 2012, alguns produtores já começam a ter "dor de cabeça" para pagar as contas.


Segundo dados do Campo Futuro 2012, projeto de levantamento de custos de produção realizado pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA em parceria com a Universidade Federal de Lavras - UFLA, o Custo Operacional Efetivo (COE) da cafeicultura no município de Santa Rita do Sapucaí/MG é de R$352,52 por saca. O COE corresponde a todos os componentes de custos gerados pela relação entre os coeficientes técnicos (quantidade utilizada) e os seus preços. Também se enquadram os gastos administrativos e os custos financeiros.


De janeiro/12 a novembro/12 os preços do café seguiram em tendência de baixa, saindo de R$504,65/sc em janeiro, para R$346,60/sc em novembro, segundo indicador Cepea/Esalq para o café arábica, tipo 6, bebida dura, nível de preços que preocupa produtores de regiões como Santa Rita do Sapucaí/MG.


Santa Rita do Sapucaí se localiza no sul de Minas Gerais, sendo uma região que trabalha com manejo totalmente manual e sistema de cultivo não irrigado devido à sua alta declividade. A falta de mão-de-obra em época de colheita e a legislação trabalhista também impedem a sustentabilidade da cafeicultura desta região.


Neste município, com 100% da colheita manual, há a necessidade que "safristas" sejam contratados para a colheita e pós-colheita, o que representa aproximadamente 39% do COE. Pessoas na colheita participam em 41% do COE.


Com os altos custos de produção, as margens de lucro de regiões como Santa Rita do Sapucaí/MG, Manhumirim/MG e Guaxupé/MG (montanhosas), se mostraram negativas com a queda de preços observada em outubro e novembro do presente ano.


Segundo dados do Centro de Inteligência de Mercado - CIM da UFLA, em outubro a Margem Liquida Margem Líquida (ML = Preço - Custo Operacional Total (COT)) em Manhumirim-MG ficou negativa em R$84,49/sc em média, e em Guaxupé-MG ela ficou negativa em R$82,53/sc. A queda nos preços do café nestas regiões foi de 3,88% e 0,21% respectivamente.


Enquanto isso, outras duas regiões produtoras apresentam realidades bem distintas. Luís Eduardo Magalhães/BA e Monte Carmelo/MG, caracterizam-se por regiões planas, com sistema de cultivo irrigado e manejo mecanizado, o que permite a redução do custo de produção. Mais competitivas do que a região citada primeiramente, o COE de Luís Eduardo Magalhães/BA é de R$173,55/sc e o de Monte Carmelo/MG é de R$239,39/sc (Campo Futuro 2012).


Como em Luís Eduardo Magalhães/BA a colheita é realizada mecanicamente em 100%, Pessoas na colheita participam em apenas 2% do COE.


Entre as regiões mecanizadas, Luís Eduardo Magalhães/BA foi o município com maior margem de lucro, de acordo com os estudos do Campo Futuro 2012. Mesmo com queda nos preços de venda do café de 7,52%, entre agosto/12 e outubro/12 a Margem Líquida no município ficou positiva em R$168,27/sc, em média (CIM/UFLA).


A queda dos preços do café em 2012 foi influenciada principalmente pela pressão da safra brasileira e pelas incertezas decorrentes da crise da zona do euro e desaceleração econômica dos Estados Unidos. A média de preço do café em janeiro/12 era de R$485,80/sc (Cepea/Esalq). Já em 16 de novembro de 2012 o mercado atingiu o nível de R$352,90/sc, valor mais baixo do ano. Com mais de R$125,00/saca de desvalorização da saca do café no acumulado de 2012, o cenário da atividade cafeeira torna-se preocupante.


Para os diferentes sistemas produtivos empregados na cadeia do café, apresentam-se abaixo os grupos de custos e suas participações no custo operacional efetivo.


Visando preços melhores ao produto e maior renda ao cafeicultor, a adoção de boas práticas produtivas é fundamental. A produção de cafés de qualidade representa uma das melhores alternativas para a cafeicultura, principalmente em relação à viabilidade econômica da atividade. Diferenciais também podem ser obtidos através da produção de cafés certificados, sustentáveis e produto de Indicação Geográfica e Denominação de Origem.


Com isso, mesmo diante o desânimo do mercado, queda dos preços e redução da rentabilidade, algumas iniciativas brasileiras têm obtido significativos resultados.


Atualmente o Brasil é o maior produtor de cafés sustentáveis e o país que possui mais cafés com certificações.


Vale destacar também a evolução dos signos distintivos em regiões cafeeiras, como a Indicação Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO). Nestes casos, a tradição do cultivo regional e as características dos cafés são reconhecidas e valorizadas. Até o final de 2012 o Brasil conta com três registros para IPs (Cerrado de Minas, Serra da Mantiqueira, Norte Pioneiro do Paraná), um pedido para IP em andamento (Alta Mogiana) e um para DO também em andamento (Cerrado Mineiro).


Fonte: Sociedade Rural Brasileira. Pela Redação. 4 de fevereiro de 2013.



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