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Scot Consultoria

Consumo de milho geneticamente modificado a uma suposta incidência de câncer em ratos


Segunda-feira, 8 de outubro de 2012 - 08h44

Nas últimas semanas, um estudo realizado pela Universidade de Caen, na França, ganhou projeção mundial. A pesquisa foi conduzida por Gilles-Éric Séralini, professor da instituição, e tentou ligar o consumo de milho geneticamente modificado a uma suposta incidência de câncer em ratos.


A publicação desses resultados pela revista Food and Chemical Toxicology disseminou um estudo que foi conduzido de forma questionável e que tem conclusões completamente equivocadas. No Brasil, com a publicação de notas traduzidas por agência internacionais, não foi diferente.


O olhar sobre o trabalho de Séralini requer cautela. A consideração não é apenas da Monsanto. Os cientistas da empresa examinaram o estudo e identificaram falhas como: não atender aos protocolos mínimos aceitáveis para esse tipo de pesquisa científica, revelar descobertas não tão fundamentadas pelos dados apresentados e conclusões que não são relevantes para efeitos de avaliação de segurança. Boa parte de integrantes da comunidade biotecnológica brasileira e internacional também questionou publicamente os resultados.


"Qualquer conclusão que se tirar deste estudo não é válida", afirma a bióloga Lúcia Souza, doutora em Bioquímica, especializada na área de Biossegurança em Biotecnologia, que atua no Public Research and Regulation Initiative - PRRI.  "É um artigo alarmista e, na minha opinião, pouco fundamentado", concorda o cientista Eduardo Romano, doutor em Biologia e pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen).


O tom questionador com relação à pesquisa também é adotado pela doutora em Biologia e diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani. Para ela, o "estudo não pode ser considerado sério do ponto de vista científico porque utiliza métodos muito discrepantes daqueles utilizados pela ciência".


Entre as diversas fragilidades apontadas por cientistas no estudo de Séralini está a metodologia empregada. Conforme apontado, faltam, por exemplo, dados claros sobre como a dieta foi fornecida aos animais. Além disso, é importante ressaltar que o tamanho das amostras apresentadas pode ser considerado insuficiente e que a linhagem de ratos utilizada é notoriamente propensa ao desenvolvimento de tumores. "A pesquisa foi conduzida por dois anos, o que é um período excessivamente longo em se tratando de ratos", acrescenta Adriana.


Segundo Marcelo Gravina de Moraes, engenheiro agrônomo, PhD em Fitopatologia e Biologia Molecular e professor da UFRGS, "há erros no estudo que nem um aluno em iniciação científica faria". Ele lembra que a revista Food and Chemical Toxicology já teve alguns problemas com edições anteriores.


Outro ponto que levanta suspeitas sobre a finalidade do estudo vem do fato de que Séralini é presidente do Conselho Científico do Comitê para Pesquisa e Informação Independente sobre Engenharia Genética (CRIIGEN). A entidade tem histórico de atividades contrárias ao uso de alimentos geneticamente modificados e poderia se beneficiar da divulgação de inverdades sobre a biotecnologia.


Como o trabalho de Séralini contradiz os estudos das principais instituições mundiais, que ressaltam que os alimentos transgênicos são tão seguros quanto suas variedades convencionais, a comunidade científica e a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) solicitaram que os autores da pesquisa compartilhem os dados primários que deram base para suas conclusões. Diante da recusa do pesquisador francês, uma petição científica online solicitando que as informações venham a público foi organizada, com o objetivo de permitir o processo usual de revisão e avaliação sobre a consistência das conclusões.


Fonte: Monsanto em Campo. Pela Redação. 5 de outubro de 2012.



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