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Scot Consultoria

Credores internacionais preveem alta no preço dos alimentos


Quinta-feira, 23 de agosto de 2012 - 08h46

Organizações internacionais de crédito estão aconselhando os países a se preparar para a possibilidade de alta no preço dos alimentos nos próximos meses, mas, para o momento, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial veem poucos sinais para a ocorrência de uma ampla crise dos alimentos, como a de 2007/2008.


A pior seca em meio século nos Estados Unidos e uma safra fraca de cereais na região do Mar Negro provocaram a elevação dos preços do milho, do trigo e da soja. O preço do arroz --produto da cesta básica na Ásia e em partes da África-- até agora permanece inalterado.


"Não estamos falando neste momento que prevemos uma crise importante", disse Juergen Voegele, diretor do Departamento de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Banco Mundial. "O mundo tem comida o bastante, mas é claro que não podemos prever o clima e, se algo extraordinário acontecer, poderemos nos encontrar em uma situação difícil de novo."


Dados do Banco Mundial mostram que os custos gerais com comida estão mais altos, mas ainda não chegaram aos níveis recordes de 2007/2008 --que deixaram milhões de pessoas na pobreza, uma vez que o preço dos alimentos subiu ao mesmo tempo em que o petróleo. Os efeitos da dupla crise em 2008 se dissiparam enquanto a crise financeira global se intensificou, reduzindo a demanda.


"Nossa recomendação é de que os países se preparem com bastante antecedência", afirmou Voegele. "Como nossos estoques de alimentos estão muito baixos, a volatilidade (de preços) não acabará com tanta facilidade."


Ambiente global mais difícil


A mais recente alta no preço dos grãos ocorre no momento em que a economia mundial está desacelerando, a zona do euro enfrenta um turbilhão e o desemprego é alto em quase todos os lugares.


O perigo dos países pobres é que o poder de fogo fiscal deles foi diminuído pela crise financeira global. Com isso, a capacidade deles para lidar com mais importações de alimentos será limitada.


O índice de alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) saltou 6 por cento em julho, mais alto que o de 2008, e a FAO fez um alerta contra o tipo de proibição a exportações e tarifas que agravaram a alta dos preços há quatro anos.


Andrew Burns, economista do Banco Mundial, afirmou que, embora os preços mais altos dos alimentos não devam contribuir para uma desaceleração ainda maior da economia mundial, isso deve ser fonte de uma preocupação maior para os consumidores.


"Essa é outra fonte de insegurança, é outra fonte de preocupação para as pessoas", afirmou Burns. "Se a situação ficar mais definida, se observarmos os preços de petróleo começarem a subir de novo, então isso pode muito bem causar aquele tipo de retração da atividade que observamos no passado, com um efeito dominó significativo sobre a atividade global."


Thomas Helbling, chefe de divisão no Departamento de Pesquisa do FMI, descreveu a alta atual no preço dos grãos como um "choque clássico de abastecimento".


"Se esse for um choque clássico de abastecimento verdadeiro, os preços subirão e, se a próxima safra for mais conforme a tendência, ou mais normal, os preços dos alimentos cairão", afirmou ele.


"Ainda assim, há uma redução temporária nas rendas reais, em especial nas economias emergentes e em desenvolvimento, e isso não ajuda, já que a economia global está sendo levada pelas economias emergentes e os preços mais altos dos alimentos afetarão os preços internos dos alimentos, mesmo se seja algo por um tempo limitado."


Por outro lado, a preocupação com a pressão inflacionária é menor do que era em 2007/2008 e a alta nos preços mundiais de petróleo foi amenizada. Os movimentos cambiais também têm um papel -- a depreciação do dólar norte-americano frente a várias moedas reduziu o impacto do aumento do preço dos alimentos em dólar no momento, disse Helbling.


Em muitos países em desenvolvimento, os preços internos dos alimentos em geral são mais baixos que os preços internacionais e os consumidores podem contar com os alimentos plantados internamente.


Fonte: Reuters. Por Lesley Wroughton. 22 de agosto de 2012.



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