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Scot Consultoria

Greve e movimentação nos portos atrasam entrega de fertilizantes


Segunda-feira, 20 de agosto de 2012 - 13h53

A paralisação dos servidores do Ministério da Agricultura e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o movimento atípico de desembarque de insumos nos portos tem atrasado a entrega de fertilizantes. Em geral, o volume maior de desembarque dos insumos ocorre nos primeiros quatro meses do ano. Com isso, o valor dos produtos tende a ficar mais alto nos próximos dias, já que os prejuízos de logística com os atrasos devem ser agregados ao preço final. A Secretaria dos Portos nega paralisação das atividades da Anvisa nos portos.


Segundo o diretor executivo da Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil (AMA Brasil), Carlos Eduardo Florence, os prejuízos já chegam a cerca de US$1,2 milhão por navio parado. "Paranaguá está com 49 dias [de atraso] e Santos com mais de 25 dias. Um navio com 30 toneladas parado custa, em média, US$30 mil por dia. Isso já encarece cerca de US$ 48 por tonelada a mais por mercadoria. Tudo isso vai ser repassado [ao agricultor]", afirma Florence.


Ele ressalta que os repasses não devem ser feitos apenas aos produtores que já fizeram a compra dos insumos previamente.


O mercado nacional de fertilizantes atende apenas 35% da demanda do país. "Num ano como esse [de grande produção] até menos. E o restante tem que buscar no mercado internacional. Há um risco de atrasar a entrega para o agricultor", diz Florence.


Aprosoja


Há 30 dias da colheita, alguns agricultores da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja) ainda não receberam parte dos fertilizantes, segundo afirma o coordenador da Comissão de Crédito, Comercialização e Renda da entidade, Roger Augusto Rodrigues. "Para mim, chegou o formulado (insumo usado no plantio), mas ainda não chegou o cloreto de potássio. [Os fornecedores] Estão pedindo um tempo para a entrega, mas não dizem quanto. É indefinido. Muita gente ainda não recebeu ou falta receber alguma parte", afirma.


Rodrigues diz que a entidade está alerta e deve cobrar das autoridades uma solução caso a paralisação não termine em uma semana. "Se chegar próximo ao plantio e ainda tiver problema, vai ser um transtorno. E a associação vai ficar alerta para pressionar que o governo e os fiscais cheguem a um acordo o quanto antes", destaca.


Para ele, as empresas "fatalmente" irão repassar os prejuízos com as multas pelo tempo parado dos navios para os preços dos fertilizantes, principalmente com a proximidade do período de plantio.


Portos


De acordo com a Secretaria dos Portos, dos 113 navios que estão para atracar nesta sexta-feira (17/8) no Porto de Paranaguá, no Paraná, 49 eram de fertilizantes. No Porto de Santos, 13 das 78 embarcações são de insumos.


A secretaria justifica que a concentração de importação de fertilizantes, que costuma ocorrer no primeiro quadrimestre do ano, não aconteceu, o que aumentou o fluxo de navios agora. Por isso, segundo a secretaria, não há relação do movimento com a greve dos servidores e que nenhum dos portos encontra dificuldades para operar.


A Secretaria dos Portos informou, ainda, que a Anvisa está liberando os produtos por meio de liminar.


Paranaguá


Responsável pelo desembarque de mais da metade dos fertilizantes importados pelo Brasil, o Porto de Paranaguá - por meio da assessoria de comunicação - nega atrasos e filas de navios. Os atrasos, segundo informações passadas pela assessoria, seriam apenas dos contêineres.


Segundo o setor de imprensa do porto, a Anvisa está concedendo licenças "normalmente" para a liberação dos produtos.


Nos primeiros quatro meses do ano, o volume de fertilizantes desembarcados em Paranaguá foi baixo, devido à alta do dólar e os elevados estoques no Brasil. O movimento de chegada dos produtos começou a se intensificar a partir da primeira quinzena de maio. Além do aumento do fluxo de navios, as condições climáticas de chuvas dificultaram os desembarques nos últimos meses.


Para compensar o fluxo, Paranaguá e Antonina contam, cada um, com dois berços exclusivos de fertilizantes e outros quatro alternativos.


De janeiro a julho deste ano, foram importados por Paranaguá 4,7 milhões de toneladas de fertilizantes. No acumulado do ano, o número ainda está em queda de 11%. Só em julho, o volume importado foi de 877 mil toneladas, aumento de 11% em relação ao mesmo mês do ano passado. Em junho, houve aumento de 8% nos desembarques de insumos, totalizando 718 mil toneladas, e 900 mil toneladas em maio, crescimento de 5% em relação ao mês anterior.


Aiba


Já no oeste baiano, onde está concentrada grande parte da produção de milho, soja e algodão do estado, os produtores ainda não sofrem com a entrega dos fertilizantes, mas a paralisação dos servidores federais traz consequências negativas para a exportação.


De acordo com o vice-presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Sérgio Pitt, há atrasos na homologação dos processos para embarque dos grãos. "Isso atrasa planejamento e cumprimento dos contratos. Temos cooperativas que estão com processos na receita e que não estão embarcando por conta disso. Aí começam a atrasar os contratos e prazos", explica Pitt.


Fonte: Revista Globo Rural. Por Alana Fraga. 17 de agosto de 2012.



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