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Comercialização e escoamento em velocidade recordes minaram oferta do grão e estoque é o menor em 4 anos


Terça-feira, 17 de julho de 2012 - 09h36

Mato Grosso está com o menor estoque de soja já visto nos últimos quatro anos. Na prática, quase não há mais soja da safra 2011/12, encerrada no último dia 30 de junho, para ser comercializada no estado. Conforme levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a pedido do Diário, de uma safra histórica de 21,36 milhões de toneladas, restam cerca de 363 mil toneladas, já que até junho 98,3% da produção estavam vendidos. 


Como frisa o IMEA, os estoques em junho nunca foram tão baixos, analisando os últimos quatro anos, período marcado por ciclos gigantescos, onde cada safra superou a temporada imediatamente anterior. 

Em junho de 2009, o estoque teórico nas mãos dos produtores era de 1,92 milhão de toneladas. Em 2010, havia 3,05 milhões de toneladas, em 2011, 2,16 milhões. Na comparação com os volumes atuais, houve uma queda de cerca de 17% nos estoques de passagem de um ciclo ao outro, enquanto que a produção aumentou em 3,98%, passando de 20,56 milhões/toneladas em 2010/11 para 21,36 milhões/toneladas. 

Somente no mês de julho, o preço médio ao grão disponível, em Mato Grosso, está em R$64/saca (recorde), valorização de 66,2%, em relação ao valor da cotação em igual período de 2011, quando a média era de R$38,50/saca. Questionado sobre a influência da falta do grão sobre o mercado futuro, Noronha explica que o impacto começa a ser observado nas cotações, o que também acelera as vendas da safra 2012/13. "O preço futuro, para a safra 2012/13, já ultrapassa R$50/saca na maioria das regiões de Mato Grosso, valor que não era observado nem nos melhores preços do mercado disponível da safra 2011/12", o analista do IMEA, Cleber Noronha. 

Ele acredita que o aumento dos preços no mercado interno não surtirá efeito sobre a remuneração final da safra 2011/12, em função do pouco produto a ser comercializado a partir de agora, "no entanto, poderão influenciar na elevação dos preços futuros para a safra 2012/13 e o produtor está atento", avalia Noronha. O produtor está tão atento, que um novo recorde foi quebrado em junho. As negociações futuras estão 27,5 pontos percentuais à frente do que o visto em junho de 2011, de 20,8% da estimativa de safra vendida, para atuais 48,3%. O detalhe é que a projeção para 2012/13 é de mais um volume inédito, 23 milhões de toneladas. A disparada na aquisição antecipada é resposta às perspectivas de mais um ano de estoques apertados em 2013. 

A entressafra mato-grossense 2011/12 que começou com vendas futuras aceleradas - ainda em março de 2011 - e plantio antecipado graças ao bom volume de chuvas, só podia terminar antes do tempo. "Com a continuidade dos preços altos, esse volume a comercializar será zerado em breve", sentencia Noronha. 

Com a escassez de oferta no estado, que é o maior produtor de soja do mundo e que participa com 9% do volume negociado no mundo, amplia-se o período de entressafra já que o novo grão, da safra 2012/13, só estará disponível de meados de janeiro de 2013 em diante, conforme as lavouras precoces forem sendo colhidas. 

Até lá, o mercado promete preços remuneradores, uma vez que a estimativa de demanda segue crescente e a oferta, prejudicada não apenas pela quebra da safra sul-americana que pode ter tirado do mercado um Mato Grosso de soja em função das quebras por questões climáticas como também por causa das dificuldades enfrentadas pelos produtores norte-americanos que sofrem com seca no meio oeste do país. Todos os grandes produtores mundiais, pela ordem, Estados Unidos, Brasil e Argentina, tiveram um 2012 marcado por frustrações decorrentes de seca, e no caso do Brasil, agravado ainda pelo ataque severo da ferrugem asiática nas lavouras mato-grossenses. 

Enquanto o preço internacional dispara e rompe limites quase que diários, os mato-grossenses aproveitam a dobradinha com a valorização do dólar - que injeta alguns reais a mais no preço final da saca - e rezam para que o clima permita recorde de preços e produção.


Fonte: Diário de Cuiabá. Por Mariana Peres. 16 de julho de 2012.



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